Steve King. Congressista republicano perde primárias no Iowa por discurso racista

por RTP
Brenna Norman - Reuters

Nos Estados Unidos assiste-se a protestos diários contra o racismo, desde a morte de George Floyd na semana passada. E em plena crise social, o republicano Steve King perdeu a hipótese de ser renomeado para congressista do Iowa, depois de um discurso racista.

O senador do Estado de Iowa, Randy Feenstra, derrotou o congressista republicano, Steve King - que afastou os eleitores ao mostrar-se adepto da supremacia branca - , na primária republicana no Quarto Distrito Congressional de Iowa, na terça-feira. É já considerada a maior derrota da corrida às primárias de 2020, em qualquer Estado norte-americano.

Com um histórico de nove mandatos e uma conhecida retórica racista, King foi derrotado por Randy Feenstra, perdendo grande parte dos republicanos que o apoiavam, por considerarem que representa um "embaraço". De facto, parte dos seus apoiantes já tinham passado a apoiar o adversário, Feenstra, depois de o partido o ter repreendido por certas afirmações racistas, avança o New York Times.

Já em 2019, o congressista fez comentários polémicos, numa entrevista ao NYT, tendo também perdido muitos apoiantes do seu próprio partido. "Nacionalista branco, supremacista branco, civilização ocidental - como é que essa linguagem se tornou ofensiva?", foram as controversas palavras de King, na altura.

A derrota de terça-feira foi provavelmente o golpe político final para uma das figuras mais controversas do país, conhecido pelos insultos a imigrantes ilegais, e que apoiavam algumas mensagens de Donald Trump, pelo afeto a algumas ideias mais radicais e a reuniões "anti-muçulmanos" na Europa.

Estas posições de King levaram até o líder da maioria no Senado Republicano, Mitch McConnell, a sugerir que o congressita procurasse outra carreira e outros interesses, porque estas afirmações eram "indignas da sua posição eleita". "Se ele não entende por que é que a 'supremacia branca' é ofensiva, deve encontrar outra área de trabalho", escreveu McConnell.

Esta quarta-feira, Steve King publicou um vídeo no Facebook, afirmando que nenhum dos adversários se tinha incomodado com "uma única declaração" que fez ao longo da sua carreira, aproveitando para pedir aos eleitores de Iowa que continuem a "ensinar bem" os seus filhos sobre "valores com os quais nos preocupamos", incluindo a oposição ao aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.



No Iowa, Randy Feenstra é o favorito dos republicanos à corrida contra JD Scholten, que quase derrotou King há dois anos e ficou sem oposição nas primárias democratas.

"Quando chegarmos às eleições gerais, continuarei focado nos meus planos de fornecer resultados para as famílias, agricultores e comunidades de Iowa. Mas primeiro devemos garantir que esse lugar não cai nas mãos de Nancy Pelosi e dos seus aliados liberais no Congresso. Amanhã voltamos ao trabalho", disse Feenstra.

O candidato ganhou, entretanto, o apoio de marcas e apoio financeiro de grupos conservadores em Washington, incluindo a Câmara do Comércio e o Comité Nacional do Direito à Vida.

"O nosso quarto distrito precisa desesperadamente de um assento", disse Feenstra num debate no mês passado, pedindo que o distrito tivesse "uma voz conservadora eficaz".

King também enfrentou o ex-prefeito Bret Richards, o ex-representante do Estado e supervisor do condado de Woodbury, Jeremy Taylor, e Steve Reeder. Todos tinham planos semelhantes: combater o direito ao aborto, proteger a fronteira sul dos EUA e apoiar as opiniões dos proprietários de armas com invocação da Segunda Emenda.

Os principais adversários, como Randy Feenstra, argumentam que Steve King é incapaz de representar efetivamente os interesses dos seus eleitores, evitando usar declarações controversas, com linguagem racista e comentários sobre o aborto e a imigração.
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