Sudão. Assinado acordo de partilha de poder para pôr fim à violência

por RTP
O acordo consente a partilha de poder entre a junta militar e a oposição sudanesa, liderada pelas Forças da Liberdade e Mudança Mohamed Nureldin Abdallah - Reuters

O Conselho militar do Sudão e o movimento de contestação civil assinaram esta quarta-feira um acordo de partilha de poder para assegurar a governação até às próximas eleições, dentro de três anos. Espera-se que assim termine a vaga de violência que há meses assola o país. O diretor-adjunto do Conselho Militar no poder, Mohamed Hamdan Dagalo, descreve a assinatura do acordo como "um momento histórico".

O acordo consente a partilha de poder entre a junta militar e a oposição sudanesa, liderada pelas Forças da Liberdade e Mudança. Deve abrir caminho a uma transição política, depois de os líderes militares terem destituído o ex-Presidente Omar al-Bashir, em abril, ao cabo de semanas de protestos contra o seu Governo.

A assinatura do documento chegou após uma noite de longas discussões, em Cartum. Prevê a criação de um “conselho soberano” que deverá administrar a transição durante pouco mais de três anos.

As forças militares vão presidir durante os primeiros 21 meses de transição e os civis administrarão os 18 meses seguintes.
“Momento histórico”
O diretor-adjunto do Conselho Militar no poder, Mohamed Hamdan Dagalo, declarou que o acordo é um “momento histórico” para o Sudão.

“Estou satisfeito por dar boas notícias esta manhã aos grandes sudaneses sobre a assinatura do acordo político”, afirmou Dagalo aos repórteres na manhã desta quarta-feira.

Em declarações à agência France Presse, Ibrahim Al Amin, um dos líderes da contestação, confirmou o assentimento de uma “declaração política”. “Para o documento constitucional, vamos retomar as negociações na sexta-feira”, acrescentou.

A assinatura do presente acordo significa que, após 30 anos de regime militar, o Sudão estará agora a três anos de uma administração totalmente civil. O militante das Forças da Liberdade e Mudança afirma que se assinalou uma nova era de autoconfiança para o povo sudanês. “Queremos um país estável, porque sofremos muito”, declarou.

A chegada a um acordo foi adiada várias vezes nos últimos dias, nomeadamente após os civis terem acusado as forças militares de exigirem “imunidade absoluta” da acusação de violência contra os manifestantes.

Mais de 100 civis morreram e muitos ficaram em estado grave depois de as forças militares terem intervindo numa manifestação em Cartum, capital do Sudão, em junho. Mais casos de violência foram registados ultimamente, responsabilizando as forças de segurança.

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