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Tabaco contribui para maioria da poluição dos plásticos no planeta

por Inês Moreira Santos - RTP
Andres Martinez Casares - Reuters

Quando nos referimos aos malefícios do tabaco, pensamos imediatamente nos efeitos diretos na saúde humana, mas o impacto no meio ambiente também é severo. A ponta dos cigarros, muitas vezes deitada para o chão, é constituída por plástico e é uma das maiores fontes de poluição, superando as garrafas, as embalagens e os sacos de plástico.

“O impacto prejudicial da indústria do tabaco no meio ambiente é vasto e crescente, e aumenta a pressão desnecessária sobre os recursos já escassos e sobre os frágeis ecossistemas do nosso planeta”, lê-se num relatório da Organização Mundial de Saúde, divulgado em vésperas do Dia Mundial Sem Tabaco, comemorado a 31 de maio.

O tabaco, para além de contribuir para a morte de mais de oito milhões de pessoas todos os anos, também “destrói o nosso meio ambiente, prejudicando ainda mais a saúde humana, através do cultivo, produção, distribuição, consumo e resíduos pós-consumo”.

Os cigarros são produzidos com um plástico de “uso único” que demora décadas a ser degradado e que, ao longo desse processo, liberta mais de sete mil tipos de químicos tóxicos para o meio ambiente. E, por ano, os fumadores apagam uma média de 800 mil toneladas de cigarros, deixando pontas suficientes para cobrir o Central Park de Nova Iorque.

Além disso, os cigarros não são considerados “plásticos descartáveis” e por isso o consumo não é proibido. Mas os impactos no ambiente são elevados. Segundo um estudo divulgado pelo Guardian, já foram encontradas pontas de cigarros parcialmente digeridas em 70 por cento das aves marinhas e 30 por cento das tartarugas marinhas.

Segundo a OMS, são necessários 600 milhões de árvores cortadas para produzir cigarros, emitidos 84 milhões de toneladas de dióxido de carbono – o que contribui para o aumento da temperatura global – e 22 mil milhões de litros de água – o equivalente a 8,8 milhões de piscinas olímpicas.
Impacto do tabaco no meio ambiente
Como revela o estudo da OMS, o tabaco afeta o ambiente em todas as fases do seu ciclo de vida, desde a produção até ao consumo. O cultivo, a produção e até o uso de cigarros envenena, para começar, a água, o solo, as praias e as ruas. Para além de conter produtos químicos, liberta diversos resíduos tóxicos e microplásticos, principalmente das pontas dos cigarros.

Também na produção de cigarros são gerados resíduos sólidos, resíduos contaminados com nicotina e outros químicos, o que também contribui para a poluição dos solos e das águas. E o fumo do tabaco, durante o consumo, contribui para o aumento de emissões de gases poluentes para a atmosfera. Além do mais, dois terços de cada cigarro fumado são deitados para o chão, sendo deixados no solo cerca de 400 milhões de quilos de resíduos tóxicos.

Mas também existem outros resíduos associados ao uso do tabaco que poluem o planeta, como a própria embalagem, o papel, as tintas e até o papel de alumínio.

Contudo, não só os cigarros deixam um rasto de poluição por plástico no meio ambiente. Por exemplo, na Ásia o tabaco de mascar, sem fumo, é vendido em embalagens de plástico. E o vaping, os cigarros eletrónicos e os produtos à base de nicotina estão a criar uma nova vaga de poluição, desde a mineração de materiais necessários para fazer baterias, aos resíduos de metal ou aos plásticos lixiviados no solo e na água.
Impacto a nível mundial
A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos revelou, num relatório do ano passado, que as baterias de lítio usadas nos novos cigarros eletrónicos estão a poluir os sistemas de resíduos municipais, uma vez que os consumidores os descartam de forma incorreta. O mesmo estudo indicava ainda que os produtos de nicotina eram, muitas vezes, deitados incorretamente no lixo doméstico, sendo considerados materiais “descartáveis”.

O problema não é exclusivo dos Estados Unidos, é mundial. Embora as grandes marcas produtoras de tabaco prometam, há anos, que vão pôr termo à venda de cigarros, continuam a ser produzidos anualmente seis triliões de cigarros. Ao mesmo tempo, a produção, venda e desperdício de cigarros eletrónicos, e semelhantes, e pastilhas de nicotina estão a aumentar em todo o mundo.

Nos EUA, cerca de um quinto dos adultos fuma, e pouco menos de um quinto dos adolescentes usa cigarros eletrónicos. Nas Filipinas, mais de 40 por cento dos homens fuma. E nestes países, as grandes produtoras de cigarros tentam fazer parcerias com organizações ambientais e humanitárias para mascarar os efeitos nefastos da produção e consumo de tabaco, tanto no ambiente como na saúde.

O vício do tabagismo não é de agora e, apesar das inúmeras campanhas de alerta contra os malefícios do consumo de tabaco, continua elevado prejudicando a saúde de milhões de pessoas – direta e indiretamente – e contribuindo para a acumulação de resíduos e do aumento da poluição ambiental e atmosférica.

Contudo, há algumas propostas das Nações Unidas que estão em debate e alguns país que começam a considerar proibir plásticos descartáveis, incluindo na produção de cigarros e produtos com nicotina
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