Teerão, 05 mar (Lusa) -- O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, criticou o "extremismo demonstrado pelos países da União Europeia em relação ao Irão", numa entrevista hoje publicada, algumas horas antes de um encontro com o seu homólogo francês em Teerão.
"Para manter os Estados Unidos no acordo sobre o nuclear iraniano, os países europeus foram contaminados pelo extremismo e isso prejudicará, no fim de contas, a política da Europa", declarou Zarif na entrevista publicada pelo jornal reformista Etemad.
Zarif vai reunir-se ao início da tarde de hoje com o chefe da diplomacia francês, Jean-Yves Le Drian, que tenciona exigir à República Islâmica garantias sobre o seu programa balístico e as suas ambições regionais, para tentar salvaguardar o acordo sobre o nuclear iraniano de 2015, do qual os Estados Unidos ameaçam retirar-se.
Mas "qualquer ação para satisfazer a parte que mais violou o acordo nuclear é inútil", adverte Zarif na entrevista.
"Neste momento, dois grupos violaram o acordo nuclear: os Estados Unidos e os Europeus. Os Americanos, devido à política de Washington e os Europeus devido à política dos Estados Unidos", sustentou.
Por causa da política dos Estados Unidos, prosseguiu o ministro iraniano, "os europeus não puderam manter os seus compromissos, em particular no setor bancário".
"Em consequência, estes dois grupos não estão em situação de estabelecer condições para o país que cumpriu totalmente os seus compromissos", frisou.
Enquanto Paris acusa o Irão de ter objetivos "hegemónicos" no Médio Oriente, Zarif lembra as razões de queixa da República Islâmica em relação ao Ocidente e alerta os Europeus.
O ministro condena o apoio dado pelo Ocidente ao Iraque contra o Irão durante a guerra que opôs os dois países entre 1980 e 1988 e o apoio político e militar dado atualmente pelos Estados Unidos, a França e o Reino Unido ao "agressor que é a Arábia Saudita" no conflito no Iémen.
Os Europeus "já fizeram escolhas erradas e lamentaram-no. E agora, mais uma vez, preparam-se para cometer o mesmo erro e com toda a certeza vão lamentá-lo", declarou o MNE iraniano.