Temperaturas ultrapassam os 52 graus no Paquistão

por Carla Quirino - RTP
Durante a onda de calor as pessoas que circulam de moto cobrem a cabeça com um pano húmido para se refrescar e evitar a luz solar, em Jacobabad. Akhtar Soomro - Reuters

Algumas zonas do Paquistão têm registado temperaturas acima dos 52 graus Celsius, prevendo-se que cheguem aos 54. As autoridades associam a subida dos termómetros às alterações climáticas e os hospitais têm recebido centenas de pessoas vítimas de insolação.

Há pelo menos uma semana que uma intensa vaga de calor, acima da média para maio, atinge várias províncias no leste e sul do Paquistão.

Na província de Sindh, as temperaturas já ultrapassaram os 52 graus durante vários dias, de acordo com os serviços meteorológicos do país. A população da cidade de Mohenjo Daro, mesmo já habituada a altas temperaturas, está a sofrer com os 52,5 que se repetem.“Tomo banho várias vezes ao dia o que me dá um pouco de alívio. O calor deixa-nos muito inquietos”, retrata Wajid Ali, morador.

Perante os cortes de energia elétrica, impedindo que as habitações refresquem, muitas pessoas recorreram às águas do rio Indo perante o calor extremo.

“Estamos aqui para tomar banho e salvar-nos deste calor extremo. A temperatura aqui ronda os 49 Celsius, temos 18 horas de corte de energia nas nossas casas, por causa da redução temporária do fornecimento de elétricidade. Mas os membros da Assembleia Provincial e os membros da Assembleia Nacional - em quem votamos - têm geradores de energia nas suas casas," explica Javed Ahmed, citado na Euronews, enquanto se refresca no rio.

“Sentimo-nos humilhados, a água deste canal é a única opção que temos para nos mantermos frescos”, acrescenta.


Moradores refrescam-se nas águas de canais | Fayaz Aziz - Reuters

Enquanto os moradores acusam o Governo de pouco fazer para os ajudar nas condições climáticas extremas, Rubina Khursheed Alam, coordenadora do primeiro-ministro para o Clima, atribui a culpa às alterações climáticas.

Em conferência de imprensa, argumentou: “O Paquistão é o quinto país mais vulnerável ao impacto das alterações climáticas. Testemunhámos chuvas e inundações acima do normal”.

As temperaturas estão a subir, pelo menos, até oito graus Celsius acima das temperaturas médias de maio nos últimos 20 anos, aumentando o receio de que glaciares situados no noroeste do Paquistão possam derreter e causar inundações.

Alam acrescentou que o Governo está a realizar campanhas de sensibilização devido às ondas de calor.

Centenas de pessoas têm acorrido a hospitais nos distritos de Hyderabad, Larkana e Jacobabad, na província do sul, e para serem tratadas por insolação na cidade de Lahore, no leste.

As autoridades instaram as pessoas a permanecerem em casa, a hidratarem-se e a evitarem viagens desnecessárias. Porém, muitos não podem faltar ao trabalho para não perderem salário.

Bopal Khan trabalha debaixo do Sol intenso numa construtora de estradas e sublinha que não tem outra alternativa. “Temos que trabalhar neste clima quente, não temos escolha”, alega Khan. “Temos que trabalhar e alimentar nossos filhos, faça calor ou frio, temos que trabalhar”, remata.
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