Tentativa de Trump para bloquear livro de Bolton esbarra em juiz

por Carlos Santos Neves - RTP
O livro assinado pelo ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca revela, por exemplo, que o 45.º Presidente dos Estados Unidos terá pedido ajuda ao Presidente chinês para vencer as eleições deste ano Kevin Lamarque - Reuters

Um juiz do Tribunal Distrital em Washington julgou improcedente o pedido da Administração Trump para que fosse travada a publicação de um livro de memórias de John Bolton. O livro assinada pelo ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca revela, por exemplo, que o 45.º Presidente dos Estados Unidos terá pedido ajuda ao Presidente chinês para vencer as eleições deste ano.

O Departamento de Justiça norte-americano alegou que o livro de Bolton, The Room Where It Happened, não foi devidamente examinado antes da publicação.Trump tem sido duro nas críticas ao livro de Bolton, afirmando tratar-se de uma coletânea de “mentiras e histórias falsas”.

Foi entendimento do juiz Royce Lamberth que o ex-conselheiro de Donald Trump “jogou” com matérias de segurança nacional, olhando ao teor da obra, e “expôs o seu país a danos”. Ao mesmo tempo, porém, determinou que o Governo não conseguiu demonstrar que uma providência cautelar “pudesse prevenir danos irreparáveis”.

A obra do ex-conselheiro de Segurança Nacional deverá sair para as livrarias na próxima terça-feira. No livro, Bolton descreve um Presidente completamente dominado, no seu processo de decisão, pelo desejo de assegurar um segundo mandato na Casa Branca.

Muito do que está escrito no livro, sublinha a edição online da BBC, assenta em conversas à porta fechada, pelo que se trata de conteúdo de verificação impossível.

No Twitter, Donald Trump veio entretanto escrever que John Bolton pagará "um preço grande" pela publicação deste livro.

O que escreve John Bolton?
Entre outras revelações, o ex-conselheiro escreve que o 45.º Presidente norte-americano procurou a ajuda do Presidente chinês, Xi Jinping, para ganhar votos na eleição presidencial deste ano, ao vincar “a importância dos agricultores e do aumento das compras chinesas de sementes de soja e trico para o desfecho eleitoral”.

Bolton revela também que Trump terá considerado correta a construção de campos de internamento para opositores políticos na região chinesa de Xinjiang.

O Presidente dos Estados Unidos estaria também disposto a intervir diretamente em investigações judiciais “para, com efeito, oferecer favores pessoais a ditadores de que gostasse”. No livro é citado, neste plano, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

Trump, ainda segundo Bolton, desconheceria que o Reino Unido era uma potência nuclear e terá perguntado, um dia, a um assessor se a Finlândia pertencia à Rússia.

Outra das ideias que terá sido aventada pelo Presidente foi a de que invadir a Venezuela seria “fixe” e que este país da América do Sul era “verdadeiramente parte dos Estados Unidos”.

c/ agências
Tópicos
pub