Terra Ranka responsabiliza Presidente pela crise que abala a Guiné-Bissau

por Lusa

 A Guiné-Bissau "atravessa uma das situações mais dramáticas", segundo a coligação PAI-Terra Ranka, que responsabilizou hoje o Presidente da República pela crise social que abala o país.

A coligação liderada pelo PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) convocou uma conferência de imprensa para dizer que "já ninguém aguenta" o que se passa no país, com "tudo que é fundamental para uma família" a subir "vertiginosamente", desde o pão ao arroz.

A Plataforma Aliança Inclusiva (PAI) Terra Ranka tinha a maioria no parlamento dissolvido, em dezembro de 2023, pelo Presidente, e chefiava o executivo deposto e substituído por um governo de iniciativa presidencial.

Com o líder Domingos Simões Pereira no exterior do país, o porta-voz, Muniro Conte, fez-se acompanhar de representantes dos partidos da coligação para ler um comunicado onde responsabiliza "o Governo inconstitucional" por "a Guiné-Bissau atravessar uma das situações mais dramáticas".

"Um Governo que ninguém escolheu", como realçou, antecipando que "a subida dos preços com uma possível má campanha do caju" colocará "o país à beira do descalabro".

A situação que se vive "seria evitável" se o Presidente Umaro Sissoco Embaló não tivesse demitido o governo Terra Ranka, segundo defendeu, referindo-se à decisão presidencial de dissolver o parlamento sem terem passado os 12 meses desde as últimas legislativas, estipulados pela Constituição.

"Todos os atos são de inteira responsabilidade do Presidente da República", insistiu.

O chefe de Estado encontra-se em Portugal a participar nas cerimónias oficiais dos 50 anos do 25 de Abril, a convite do homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa.

A coligação voltou a exigir a reabertura da Assembleia Nacional Popular, encerrada desde a dissolução, e a reposição do Governo PAI- Terra Ranka.

Condena o que classificou de "gestão danosa do erário público e a corrupção desenfreada praticada pelos governantes ilegítimos" e exige ao Ministério Público uma investigação a pagamentos feitos nos últimos meses.

Muniro Conte concretizou com 400 milhões de francos cfa (cerca de 610 mil euros) alegadamente pagos a uma empresa para subvencionar arroz importado e 1,2 milhões de francos cfa (cerca de 1.800 euros) supostamente para pagar um avião para uma viagem do Presidente.

A coligação apela ainda à população guineense para se mobilizar para as eleições presidenciais, que aponta para "finais de 2024", enquanto o Presidente da República anunciou as mesmas para novembro de 2025.

 

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