Terrorismo. Boris Johnson quer acabar com a libertação antecipada de presos

por RTP
Reuters

Os presos por crimes relacionados com terrorismo podem enfrentar mudanças na execução das sentenças, para que lhes seja negada a libertação antecipada. A promessa do primeiro-ministro britânico vem na sequência do ataque em Streatham High Road, que provocou três feridos. O suspeito do ataque, Sudesh Amman, tinha saído em liberdade uma semana antes do ataque.

Esta segunda-feira, no final de um discurso, maioritariamente virado para o Brexit, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que o Governo pode seguir um caminho “potencialmente complicado”, no sentido de alterar “as condições de libertação para aqueles que já estão na prisão”.

As afirmações de Johnson vêm na sequência do ataque deste domingo em Streatham e do ataque à Ponte de Londres, em novembro do ano passado. Ambos levados a cabo por recém-libertados, acusados de ligações ao Estado Islâmico.

Sudesh Amman, responsável pelo ataque a Streatham High Road, tinha sido libertado da prisão há uma semana, depois de cumprir metade da sentença que lhe havia sido aplicada. Amman tinha sido condenado a uma pena de três anos e quatro meses, em maio de 2018, acusado de 13 crimes relacionados com recolha de informação para a construção de bombas, disseminação de material terrorista e o envio de vídeos, à namorada, de decapitações, incentivando-a a matar os pais.

Em novembro do ano passado, o ataque na Ponte de Londres teve precedentes idênticos. O homem responsável pelo ataque tinha também sido libertado antecipadamente da prisão, depois de uma sentença bastante parecida à de Amman.
“Chegou ao fim a minha paciência”
Esta segunda-feira, Boris Johnson declarou que o Governo vai anunciar mudanças fundamentais no trato de pessoas condenadas por crimes de terrorismo.

Johnson afirmou que “a ideia de libertação antecipada automática para pessoas que obviamente continuam a representar uma ameaça ao público chegou ao fim da sua vida útil”, refere.

“Chegou ao fim a minha paciência com a libertação de criminosos antes que eles concluam as suas sentenças e sem qualquer escrutínio”, acrescentou o primeiro-ministro britânico.

Boris Johnson prometeu que seriam aplicadas “regras mais rígidas sobre o terrorismo”, uma vez que esta é a segunda vez que a cidade de Londres sofre um ataque terrorista executado por recém-libertados com ligações terroristas, que não cumpriram as suas penas até ao fim.

Johnson afirma que a desradicalização dos islamitas “foi difícil”. “Temos de reeducar, recuperar e reabilitar as pessoas que sucumbem ao islamismo e isso é muito difícil”.

O Reino Unido tem cerca de 220 presos com condenações ligadas a terrorismo.
“Isso pode acontecer, mas os casos de sucesso são realmente muito poucos e, precisamos ser francos sobre isso. Precisamos pensar como lidamos com isso no nosso sistema de justiça”, declarou o primeiro-ministro britânico, citado por The Guardian.

O ex-polícia de combate ao terrorismo do Reino Unido e responsável pela prisão de Amman, Mark Rowley, afirmou que, de acordo com as diretrizes das sentenças, centenas de outros condenados deveriam ser libertados mais cedo.
Estado Islâmico reivindica ataque
Esta segunda-feira, o grupo extremista Estado Islâmico reivindicou o ataque em Streatham, no sul de Londres.

“O agressor no bairro de Streatham, no sul de Londres, está entre os combatentes do Estado Islâmico. Ele liderou o ataque em resposta aos apelos para atacar cidadãos dos países da coligação internacional, que luta contra os jihadistas na Síria e no Iraque”, indicou em comunicado a agência Amaq – ligada ao Estado Islâmico.

c/agências internacionais
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