Texas. Ameba "comedora de cérebros" leva a proibição do consumo de água

por RTP
As infeções provocadas por esta bactéria são raras, mas quase sempre fatais. Reuters

Uma cidade do Estado do Texas lançou uma declaração de desastre e outras sete lançaram um alerta aos seus habitantes depois de, no sábado, ter sido descoberta no fornecimento de água uma ameba que provoca inflamações no cérebro, nomeadamente meningoencefalite.

“A cidade de Lake Jackson, no condado de Brazoria, Texas, enfrenta significativas ameaças à vida, saúde e propriedade devido a água potável contaminada”, alertaram as autoridades locais num pedido urgente enviado ao governador desse Estado, Greg Abbott, para que o mesmo lançasse uma declaração de emergência.

“O impacto desta ameaça é severo. Os potenciais danos incluem doença e morte”, sublinhou a autarquia, que colocou a cidade de 27 mil habitantes sob a proibição de consumo de água.

A ameba encontrada na cadeia de fornecimento de água desta cidade do Texas chama-se naegleria fowleri e normalmente pode ser encontrada em água doce - geralmente lagos, rios, termas ou piscinas sem tratamento.

Conhecida por “comer cérebros”, é a única espécie de ameba do tipo naeleria que consegue infetar seres humanos. A infeção pode resultar numa inflamação no cérebro, mais especificamente meningoencefalite. As infeções pela bactéria naegleria fowleri são raras, mas quase sempre fatais. Das 145 pessoas infetadas entre 1962 e 2018, apenas quatro sobreviveram.

A gravidade da ameaça levou a Comissão de Qualidade Ambiental do Texas a lançar um aviso a todos os habitantes cuja água seja distribuída pela estação de tratamento de águas Brazosport Water Authority a não utilizarem a mesma.

Na altura do seu lançamento, este aviso não se destinava apenas à cidade de Lake Jackson, onde a ameba foi descoberta na manhã de sexta-feira, mas também às cidades texanas adjacentes de Freeport, Angleton, Brazoria, Richwood, Oyster Creek, Clute e Rosenberg. Entretanto foi levantado em todas as cidades.

“A Comissão de Qualidade Ambiental do Texas, sob as ordens do gabinete do governador, está a trabalhar com a Brazosport Water Authority para resolver este problema o mais rapidamente possível”, garantiu na altura a entidade.

Para resolver o problema, a estação de tratamento de águas que serve a região afetada completou uma descarga do seu sistema de águas.
Infeções são raras mas fatais
O incidente, apenas agora publicamente divulgado, começou na realidade a 8 de setembro, quando um rapaz de seis anos foi hospitalizado e lhe foi detetada a presença desta ameba. Segundo as autoridades locais, a origem da ameba pode ter sido a água de uma fonte da cidade ou a água vinda da mangueira da própria casa da criança.

Por segurança, a fonte foi imediatamente desativada e foi contratado um laboratório privado para realizar testes numa amostra de quase 20 litros de água retirados dessa mesma fonte.

Os resultados vieram negativos a 14 de setembro para esta bactéria, pelo que o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA foi então contactado para realizar mais testes.

A 25 de setembro, última sexta-feira, o CDC revelou que três das 11 amostras de água tinham testado positivo para a naegleria fowleri, levando a Comissão de Qualidade Ambiental do Texas a lançar o aviso.


A entidade decidiu então testar os níveis de cloro nas águas da cidade de Lake Jackson. Enquanto o sistema de distribuição esteve parado, até à madrugada deste domingo, os residentes puderam receber água engarrafada de forma gratuita.

Segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças norte-americano, as infeções provocadas por esta bactéria são raras, mas quase sempre fatais. Entre 2009 e 2018, apenas 34 casos foram registados nos Estados Unidos. Desses, 30 resultaram do uso recreacional de águas.
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