Theresa May sobrevive à moção de censura

por RTP
Foram 200 os deputados a votar a favor de Theresa May e 117 a votar contra Eddie Keogh - Reuters

Theresa May sobreviveu à moção de censura que poderia afastá-la da liderança do Partido Conservador. Com 200 votos a favor, a primeira-ministra britânica continuará a desempenhar funções e não poderá voltar a ser sujeita a uma moção nos próximos 12 meses. A líder conservadora anunciou, porém, que irá abandonar o cargo antes das próximas eleições, que decorrerão em 2022.

Foram 200 os deputados a votar a favor de Theresa May e 117 contra. Para vencer, May precisava de garantir uma maioria simples, com pelo menos 159 dos 317 deputados conservadores do seu lado.

“Estou satisfeita por ter recebido o apoio dos meus colegas”, declarou May, garantindo que vai “ouvir quem votou contra” ela esta noite.

Para a primeira-ministra britânica, agora é o momento de “seguir em frente” com o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia e de “construir um futuro melhor” para o país. "Isso deve começar aqui em Westminster, com os políticos de todos os lados a juntarem-se e a agir no interesse nacional", urgiu.

“Mas, apesar de o Brexit ser importante, precisamos também de focar-nos noutros assuntos que as pessoas consideram vitais, que lhes importam no dia-a-dia, os assuntos pelos quais entrámos na política”, relembrou May.

“Devemos ao povo britânico que nos colocou no Governo pôr as suas prioridades primeiro”, defendeu a primeira-ministra. “Construir uma economia mais forte, alcançar serviços públicos da melhor qualidade possível e construir as casas de que as famílias precisam” são as principais medidas a ter em conta.

A vitória da chefe do executivo britânico na moção de censura representa, no entanto, um risco, já que o Brexit deverá ser rejeitado no parlamento a não ser que May consiga as "garantias adicionais" que pretende dos líderes europeus para apresentar na Câmara dos Comuns, a tempo de uma nova votação, antes de 21 de janeiro.
"Incapaz de alcançar um acordo"
Apesar da vitória de May, Jeremy Corbin, líder do Partido Trabalhista, defende que “a primeira-ministra perdeu a sua maioria no Parlamento, o seu Governo está num caos e é incapaz de alcançar um acordo de saída do Reino Unido da UE que resulte para o país e coloque os empregos e a economia em primeiro lugar”.

Para Corbin, a vitória "não muda nada", já que May "terá na mesma de submeter o seu acordo atamancado à aprovação do parlamento na próxima semana", escreveu no Twitter.


Brandon Lewis, presidente do Partido Conservador de May, declarou que o voto deve ser “respeitado” e que, neste momento, o foco deve estar na concretização do Brexit.

Já Nigel Dodds, líder do Partido Democrático Unionista (DUP, na sigla em inglês), considera que esta votação “não altera muito na aritmética do Brexit”, mas declarou que Theresa May “entende as preocupações” que lhe foram transmitidas. “Se a moção de censura tivesse sido aprovada, nós não a apoiaríamos”, acrescentou.
"Não tenciona liderar-nos"
Ainda antes de os resultados serem divulgados, foi anunciada a decisão de May de abandonar o cargo antes das próximas eleições. “Ela disse que não tenciona liderar-nos nas eleições de 2022”, declarou o deputado Alec Shelbrooke.

Outros parlamentares avançaram que May reconheceu que o Partido Conservador não a queria na liderança num próximo mandato.

Theresa May tinha já afirmado que iria “lutar com todas as forças” contra a moção de censura, alegando que fazer alterações na liderança do Partido Conservador poderia criar “riscos” e “incerteza” para o Reino Unido.
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