O primeiro-ministro timorense disse que assumir o compromisso de manter a estabilidade política e governativa no país seria uma "grande prenda" a todo o povo, para comemorar os 20 anos da restauração da independência.
"Vamos comemorar o 20.º aniversario e acho que isso seria uma grande prenda ao povo de Timor: assumir o compromisso de manter a estabilidade política e governativa", afirmou Taur Matan Ruak.
O chefe do governo falava depois de participar no debate parlamentar que aprovou o Orçamento Geral do Estado (OGE) retificativo, o maior da história do país, a poucos dias da tomada de posse do novo presidente, José Ramos-Horta que coincide com os 20 anos da restauração da independência.
"Valeu a pena lutar. Nunca acreditei que ia viver até hoje. Apesar de ter perdido milhares de irmãos, companheiros, valeu a pena lutar e continuar a ver o país a crescer e a desenvolver-se. Fui ferido duas vezes e quando olho para trás, valeu a pena", disse.
Desde a confirmação da sua vitória na segunda volta das presidenciais, a 19 de abril, e a par do processo de transição de mandatos na Presidência, José Ramos-Horta tem-se multiplicado em contactos com os principais responsáveis timorenses.
Nas últimas semanas reuniu-se já várias vezes com Mari Alkatiri, líder do maior partido que apoia o governo, com o primeiro-ministro Taur Matan Ruak e com o presidente do Parlamento, Aniceto Guterres Lopes, entre outros.
"O senhor presidente eleito tem feito um grande esforço para manter a comunicação e o diálogo com as bancadas que sustentam o Governo, a plataforma liderada por Mari Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e também comigo para ver como podemos trabalhar juntos para tentar suavizar o peso que as crises têm provocado na nossa sociedade", disse.
"Ninguém vai ganhar se houver crises, pelo contrário, perdemos todos. Acho que a melhor forma é trabalharmos juntos, assegurar a estabilidade política e a estabilidade governativa, sobretudo", frisou o primeiro-ministro.
Os contactos coincidem com um atenuar do tom mais agreste que marcou a campanha eleitoral, com o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) - que apoiou a candidatura de Ramos-Horta - a defender que o presidente eleito deveria, depois de tomar posse, dissolver o parlamento.
Seguir em frente
Apesar disso, no final de abril e em entrevista à Lusa José Ramos-Horta afastou o cenário de dissolução do parlamento e eleições antecipadas ou da queda do atual Governo, considerando que esses cenários não são adequados dado o atual contexto de crise económica e social do país.
Ramos-Horta disse que esse compromisso de dissolução, defendido pelo CNRT de Xanana Gusmão, "não é dogma" e que o essencial é apostar no diálogo de todas as forças parlamentares.
"Sim, isso foi o compromisso, só que nada é dogma em política e não podemos ser dogmáticos, porque isso leva a imprudências e políticas erradas. A grande preocupação de Xanana Gusmão é como fazer face a essa situação de extrema dificuldade da população, (ele) não quer maior instabilidade política", explicou.
"Nesse sentido cabe ao governo da plataforma fazer gestos em direção ao CNRT e aos que estão no parlamento e em relação à sociedade civil. E esse gesto tem muito a ver com o diálogo", sublinhou.