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Tóquio 2020. Atleta bielorrussa já saiu do Japão. Voo foi alterado por questões de segurança

por Andreia Martins - RTP
Kim Kyung-Hoon - Reuters

A velocista bielorrussa Krystsina Tsimanouskaya viajou de Tóquio para Viena na quarta-feira, poucas horas depois de ter pedido ajuda às autoridades japonesas e ao Comité Olímpico Internacional (COI). A atleta terá sido obrigada a suspender a participação nos Jogos Olímpicos depois de ter criticado responsáveis do atletismo bielorrusso. Tsimanouskaya foi levada para o aeroporto mas recusou-se a embarcar num voo de regresso a Minsk por temer pela sua segurança. Esta quarta-feira, depois de a Polónia lhe ter atribuído um visto humanitário, a velocista aterrou na capital austríaca em vez de viajar diretamente para Varsóvia como planeado.

Depois de passar duas noites na Embaixada da Polónia em Tóquio, Krystsina Tsimanouskaya deveria ter embarcado num voo para Varsóvia na quarta-feira depois de o Governo polaco lhe ter atribuído um visto humanitário.

No entanto, a atleta partiu num voo da Austrian Airlines que deverá chegar a Viena pelas 16h05 locais (15h15 em Lisboa), de onde deverá viajar para Varsóvia durante a noite.

Um membro da comunidade bielorrussa em contacto com a velocista confirmou à agência Reuters que o voo foi alterado por questões de segurança, sem dar mais pormenores.

Marcin Przydacz, vice-ministro polaco dos Negócios Estrangeiros, confirmou que a atleta já está ao cuidado dos serviços diplomáticos polacos, mas não deu mais detalhes sobre a viagem por motivos de segurança.

Já o Ministério austríaco dos Negócios Estrangeiros confirmou que a atleta está num voo que irá aterrar em Viena, mas não quis dar detalhes sobre o destino final da atleta.
COI investiga

O Comité Olímpico Internacional (COI) já está a investigar o que se passou nos últimos dias com a delegação bielorrussa. Na versão da Krystsina Tsimanouskaya, os responsáveis do atletismo bielorrusso tentaram forçar o regresso da velocista ao país. No aeroporto de Haneda, em Tóquio, a atleta procurou a proteção da polícia.

Krystsina Tsimanouskaya deveria ter participado na prova dos 100 metros de terça-feira, mas os dirigentes desportivos bielorrussos resolveram inscrevê-la na prova de estafeta de 4x400 metros, em substituição de outra atleta que não terá realizado um número suficiente de controlos antidoping.

A atleta criticou a decisão nas redes sociais, adiantando que as autoridades bielorrussas decidiram, sem o seu conhecimento e consentimento, inscrevê-la numa prova que, afirma, nunca disputou.

“Caso me tivessem avisado previamente, explicado toda a situação e perguntado se seria capaz de correr os 400 metros, não reagiria de maneira tão severa. Mas decidiram fazer tudo nas minhas costas”, denunciou.

Depois das críticas, a atleta foi levada para o aeroporto no domingo. “Fui colocada sob pressão e estão a tentar tirar-me à força do país sem o meu consentimento”, referiu.

O Comité Olímpico bielorrusso, dirigido por Viktor Lukashenko, filho do Presidente da Bielorrússia, disse entretanto que a atleta suspendeu a participação nos Jogos Olímpicos de Tóquio2 devido ao seu estado “emocional e psicológico”, o que a velocista desmentiu.

Desde as eleições presidenciais de agosto de 2020 que Alexander Lukashenko tem vindo a intensificar os esforços de repressão sobre os opositores, dentro e fora do país.

Na terça-feira, Vitaly Shishov, um ativista bielorrusso que vivia no exílio na Ucrânia, foi encontrado enforcado num parque perto de sua casa em Kiev. A polícia ucraniana iniciou uma investigação de assassinato.

Em maio de 2020, as autoridades bielorrussas desviaram um avião comercial que fazia a ligação entre Atenas e Vilnius enquanto este sobrevoava o espaço aéreo bielorrusso, alegando questões de segurança. O avião acabaria por aterrar de emergência em Minsk, onde o opositor Roman Protasevich, que estava exilado na Lituânia, acabaria por ser detido. 

c/ Lusa
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