Toronto. Alek Minassian agiu deliberadamente

por RTP

As primeiras perícias indicam que o condutor de 25 anos agiu de forma "deliberada" quando se lançou sobre uma multidão na cidade de Toronto, Canadá, esta segunda-feira. De acordo com o mais recente balanço, o atropelamento causou dez mortos e 15 feridos, cinco dos quais em estado grave.

"Este ato parece claramente deliberado", considerou Mark Saunders, chefe da polícia de Toronto, a maior cidade canadiana.

"Admitimos todas as possibilidades", acrescentou, sublinhando a necessidade de "trabalhar com o que temos".

A investigação não foi entregue à Real Polícia Montada do Canadá, sinal de que os investigadores consideram pouco provável um móbil terrorista.

O interrogatório deverá permitir apurar os motivos do condutor, detido 26 minutos após o início do atropelamento.

Foi identificado como Alek Minassian, oriundo do subúrbio de Richmond Hill e, até ontem, sem cadastro nem ligações conhecidas a qualquer grupor terrorista.

O presidente da Câmara de Toronto promete todo o apoio para se perceber o que se passou.

Quem é Minassian
A polícia fez buscas na casa de Minassian segunda-feira à noite mas até agora não revelou pormenores do que encontrou.

De acordo com a sua página da rede LinkedIn, Minassian estuda na Faculdade de Seneca em Toronto e desenvolveu várias aplicações, incluindo uma que permite encontrar estacionamento na cidade.

Há suspeitas de que sofra de problemas mentais e não lhe são conhecidos para já amigos nem relações próximas.De acordo com a NBC News, que cita fontes da polícia, Minassian esteve envolvido numa discussão online sobre Elliot Rodger, de 22 anos, que matou seis pessoas em 2014 perto da Universidade da California em Santa Bárbara, antes de se suicidar.

Ari Bluff, um antigo aluno da Escola Secundária de Thornlea em Thornhill, norte de Toronto, disse por seu lado à CBC News que partilhou com Minassian um computador nas aulas de ciência. Ambos se formaram em 2011.

"Não creio que tivesse amigos muito, muito próximos, pelo menos publicamente. Nunca o vi com um grupo de amigos, de forma geral", disse Bluff.

Minassian deverá ser presente a tribunal cerca das 10 da manhã locais (15h00 em Lisboa) e serão nessa altura divulgadas as acusações pendentes contra ele, revelou a polícia.

O inquérito prevê-se "longo" e a área onde decorreu a tragédia, deverá "permanecer encerrada vários dias", devido ao elevado número de testemunhas a questionar e às imagens das câmaras de vigilância que é necessário analisar, referem as autoridades.
 
O jornalista português em Toronto Jorge Neves avança o que já se sabe do sucedido.

Em torno do bairro de North York na zona norte de Toronto vão-se acumulando tributos do público às vítimas.
Ataque não ameaça "segurança nacional"
O ataque traz à memória os atentados com viaturas ocorridos em várias grandes cidades europeias e norte-americanas, como Nova Iorque, Barcelona, Londres, Nice, Paris, Berlim ou Estocolmo.Em Toronto está a decorrer a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Administração Interna do G7. Os trabalhos deverão ser retomados normalmente esta terça-feira.

O Governo acredita contudo que este foi um ato isolado e que não existe qualquer ameaça à "segurança nacional" do Canadá, apesar do primeiro ministro Justin Trudeau ter dito em comunicado que ficou "profundamente triste ao saber do atentado trágico e insensato ocorrido em Toronto".

O termo "atentado" utilizado por Trudeau não sugere "uma conexão terrorista de natureza que ameace a segurança nacional", precisou depois o seu gabinete.

Igualmente, o ministro da Segurança pública, Ralph Goodale, referiu que "as informações disponíveis nesta altura, indicam que este não parece de forma alguma ligado à segurança nacional".

Conclusão partilhada pelas diversas agências de segurança e de informações do Canadá, precisou Goodale.
"Mate-me", gritou Minassian
O ataque começou pouco antes das 13h30 locais (18h30 em Lisboa). Minassian lançou a carrinha branca que conduzia sobre os passeios da rua Yonge, uma das mais frequentadas do país e cheia de pessoas àquela hora de um dia primaveril.

Andou aos ziguezagues durante mais de um quilómetro, galgando passeios e voltando à estrada, deixando atrás de si um rasto sangrento.

As testemunhas garantem que Minassian fez de propósito para atropelar quem lhe aparecia à frente.

A carrinha acabou por parar com a parte da frente destruída e Minassian, um homem corpulento vestido com roupas escuras, saiu, enfrentando um agente da polícia de Toronto.

De acordo com a polícia, Minassian terá ameaçado o agente com um objeto dizendo que estava armado. "Mate-me", gritou.

"Não me interessa. Deite-se no chão", respondeu o agente.

Minassian não estava armado e acabou por se deixar algemar, sendo detido sem ter sido disparado um tiro.
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