Três militantes pró-democracia contestam em tribunal penas de prisão

por Lusa

Hong Kong, China, 16 jun (Lusa) - Três líderes do "movimento dos guarda-chuvas" contestaram hoje em tribunal a condenação a penas de prisão pelo papel nas manifestações pró-democracia de 2014, em Hong Kong.

A condenação em agosto de Joshua Wong, Nathan Law e Alex Chow a penas de entre seis e oito meses de prisão foi interpretada como um novo golpe contra militantes de reformas políticas na antiga colónica britânica.

Depois desta sentença, o Ministério Público pediu um agravamento das penas decididas em primeira instância, o que foi entendido como uma ingerência crescente de Pequim nas questões internas de Hong Kong, em violação do princípio "Um país, dois sistemas", definido para a transferência da soberania do Reino Unido para a China, em 1997.

Os três foram libertados sob caução para aguardar a decisão do Tribunal de apelo final, a mais alta jurisdição de Hong Kong, um recurso que apresentaram como um teste à independência da justiça da Região Administrativa Especial chinesa.

"Temos agora a oportunidade de ver como vão os tribunais de Hong Kong reconhecer e posicionar-se sobre a questão da desobediência civil", declarou aos jornalistas, antes da audiência, Joshua Wong, de 21 anos.

Wong acrescentou acreditar que a população de Hong Kong vai continuar a bater-se pela democracia, mesmo que seja detido outra vez.

Os três ativistas foram condenados pelo seu papel numa manifestação considerada ilegal, a 26 de setembro de 2014.

Os manifestantes treparam pelas barreiras metálicas e entraram na Civic Square, uma praça situada num complexo governamental.

Esta ação desencadeou manifestações mais importantes e dois dias mais tarde teria início o movimento pró-democracia, quando a polícia disparou granadas de gás lacrimogéneo para dispersar a multidão, que se protegeu com guarda-chuvas.

Durante mais de dois meses, centenas de milhares de pessoas paralisaram quarteirões inteiros da cidade para exigir um verdadeiro sufrágio universal. Mas Pequim não recuou.

Nos termos do acordo sino-britânico de transferência da soberania, Hong Kong goza de liberdades desconhecidas na China continental, em teoria até 2047.

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