Trump aconselha negociações com Farage e Brexit sem acordo

por RTP
Nigel Farage num comício de Trump, em 2016 Reuters

Numa entrevista de antecipação à visita ao Reino Unido, que começa na segunda-feira, o presidente norte-americano diz ao Reino Unido que deve mandar Nigel Farage negociar com a União Europeia e optar por um Brexit sem acordo caso a UE se recuse a dar aos britânicos o que eles querem.

Na entrevista ao The Sunday Times, o presidente norte-americano argumenta que o próximo primeiro-ministro deve recusar-se a pagar a fatura do divórcio com a União Europeia e “bater com a porta”, caso Bruxelas não se curve às exigências dos britânicos.

Donald Trump mostrou-se crítico do processo de negociação do Brexit e, quebrando a convenção diplomática de não intromissão nas questões internas de outros países, disse que o líder do Brexit Party, Nigel Farage, “tem muito para oferecer” e deve ser incluído nas negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.

Ainda este sábado, numa entrevista ao The Sun, Trump argumentou também que Boris Johnson deveria ser um “excelente” líder do Partido Conservador, para suceder a Theresa May.

O presidente norte-americano considerou que o Reino Unido deveria sair sem acordo, se não conseguir o que quer nas negociações com Bruxelas. “Se não conseguem o acordo que querem, se não conseguirem um acordo justo, então venham embora”.

Sobre a fatura do divórcio de 39 mil milhões de libras (50 mil milhões de dólares”, Trump foi claro. “Eu não pagaria 50 mil milhões de dólares. Isso sou eu. Eu não pagava – é um número tremendo”.

Para compensar a perda de negócios com a União Europeia, Trump argumenta que o Reino Unido deve apostar num acordo com os EUA, pouco tempo depois de sair do bloco europeu.

Este domingo, o presidente da Câmara de Londres assinou um artigo no The Observer, em que considera que Trump é um “dos mais notórios exemplos de uma crescente ameaça global” da extrema-direita, comparando a linguagem usada pelo presidente a “fascistas do século 20”.

Khan critica o tratamento de “carpete vermelha” que vai ser dado ao presidente, convidado da Rainha durante os três dias de visita. Em abril, o líder dos Trabalhistas, Jeremy Corbyn prometeu que iria boicotar o banquete no Palácio de Buckingham, em protesto contra a “retórica rascista e misógina” do presidente.

Corbyn já se insurgiu contra as palavras de Trump deste fim de semana, dizendo que “a tentativa do presidente norte-americano de decidir qual será o novo primeiro-ministro britânico é uma interferência inaceitável na democracia do nosso país”.

Na terça-feira, são esperados fortes protestos em Londres, com mais de 250 mil pessoas, no caminho que Trump deverá seguir até ao encontro com Theresa May, em Downing Street. No entanto, as autoridades estabeleceram uma “zona de exclusão” à volta do presidente sem precedentes, para o manter afastado do público.
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