Trump ameaça Coreia do Norte com poder de fogo nunca antes visto

por Paulo Alexandre Amaral - RTP

No aviso deixado esta noite a Kim Jong-un para que evite novas ameaças aos Estados Unidos, o Presidente Donald Trump prometeu lançar "uma guerra como nunca se viu" se o regime norte-coreano continuar a alimentar as ideias de um conflito bélico nuclear.

Na ressaca de uma sondagem da CNN que mostra um presidente fragilizado, numa queda de popularidade nunca vista na história das administrações americanas durante o primeiro semestre de mandato, Donald Trump parece querer tomar o leme da nação numa das questões que mais o irritou durante estes seis meses na Casa Branca – a mobilização militar do regime da Coreia do Norte – para selar o assunto de uma vez por todas.

“É melhor para a Coreia do Norte que desista das ameaças aos Estados Unidos… Eles serão recebidos com fogo e fúria como o mundo nunca viu”, avisou o Presidente Trump à margem de um briefing sobre opiáceos em Nova Jersey, assinalando que o líder norte-coreano Kim Jong-un “tem manifestado uma atitude muito ameaçadora, para além do que são as declarações usuais”.

“Mas é como eu disse, [prosseguindo neste tom, os norte-coreanos] serão brindados com um poder de fogo e uma violência… um ataque como nunca antes se viu”, avisou Trump.


Não será alheio a este aviso o relatório tornado público esta tarde pelo Washington Post e no qual o jornal assinala a conclusão dos serviços de informações americanos de que o regime de Kim Jong-un poderá ter dado o passo que faltava para equipar os seus mísseis intercontinentais com capacidade nuclear.

De acordo com o Wapo, que cita um relatório classificado dos serviços de informações do Departamento da Defesa dos Estados Unidos, os cientistas norte-coreanos terão conseguido miniaturizar uma bomba nuclear para caber nas ogivas dos mísseis balísticos que vem testando nos últimos meses: “Os serviços de informações acreditam que a Coreia do Norte conseguiu produzir armas nucleares que podem ser incorporadas em mísseis balísticos, incluindo em mísseis balísticos intercontinentais ICBM”, refere o relatório citado pelo Washington Post.
Arsenal nuclear supera expetativas
Um outro relatório norte-americano citado pelo jornal, atribuía ao regime norte-coreano 60 bombas nucleares no seu arsenal. Número, refere o Wapo, visto por alguns peritos como conservador. Razões suficientes para que a Península Coreana seja olhada com outros olhos. Será pelo menos um desafio para a liderança do Presidente Donald Trump, que recentemente deixou a promessa de não permitir nunca que Pyongyang se tornasse numa ameaça nuclear para os Estados Unidos.

As opções de prevenção e resposta parecem assim ganhar outros contornos, deixando de passar em exclusivo por sanções negociadas com a China, ancestral aliado de Pyongyang, à mesa do Conselho de Segurança das Nações Unidas. É o que fica entendido, quer das declarações desta terça-feira, quer das respostas deixadas no passado sábado pelo assessor de Trump para a Segurança nacional, H. R. McMaster, durante uma entrevista na MSNBC.

A perspetiva de uma Coreia do Norte com capacidade nuclear seria “intolerável para o Presidente”, sublinhou McMaster, inaugurando então a ideia de uma Administração com todas as opções em cima da mesa. “Temos de ponderar todas as opções... o que inclui uma opção militar”, avisou.
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