Trump aponta o dedo a Macron por declarações sobre a NATO

por Joana Raposo Santos - RTP
O Presidente norte-americano está em Londres durante dois dias para a Cimeira do Clima Foto: Kevin Lamarque - Reuters

Donald Trump criticou esta terça-feira as declarações de Emmanuel Macron sobre a "morte cerebral" da NATO, considerando-as "desagradáveis" e "desrespeitosas". O Presidente norte-americano, que está em Londres durante dois dias para a Cimeira do Clima, lançou ainda um aviso à União Europeia e abordou temas como a relação comercial com a China ou o Brexit.

“É uma afirmação dura de se fazer quando na França está a acontecer uma situação difícil”, defendeu o Presidente dos EUA no início de uma conferência de imprensa de 52 minutos, referindo-se ao estado de descontentamento representado pelos “coletes amarelos”.

“Simplesmente não se pode fazer afirmações dessas sobre a NATO, é muito desrespeitoso. Ninguém precisa da NATO mais do que a França e, honestamente, quem beneficia menos [da organização atlântica] são os Estados Unidos”
, declarou.

Donald Trump aproveitou para criticar a “elevada taxa de desemprego” em França e os conflitos políticos que as manifestações dos “coletes amarelos” têm originado.

“Eu olho para ele [Emmanuel Macron] e percebo que ele precisa de proteção mais do que ninguém, e vejo-o a romper os laços [com a NATO]. Estou um pouco surpreendido com isso”, acrescentou.
Trump alerta União Europeia
O Presidente dos EUA lançou em Londres um aviso aos membros da União Europeia, considerando que poderá aproximar-se uma situação “difícil” caso o bloco não modifique a sua visão sobre o comércio e sobre a NATO.

“A União Europeia está a tratar muito, muito injustamente os Estados Unidos no que toca ao comércio”, salientou Trump. “O défice tem sido astronómico por muitos, muitos anos, com os Estados Unidos e a Europa a seu favor. Eu estou a mudar isso e vou mudá-lo muito rapidamente”, alertou.

“Não é correto que se aproveitem da NATO nem que se aproveitem do comércio, e é isso que acontece. Não podemos deixar isso acontecer”.
Acordo com a China talvez só "depois das eleições"
Donald Trump referiu que um acordo comercial com a China apenas acontecerá se ele assim o entender, considerando que as negociações estão a ser positivas da sua parte.

“Estou a ir muito bem quanto ao acordo com a China, caso eu queira fazê-lo”, explicou. “Não penso que seja uma questão de se eles querem fazê-lo, mas sim se eu quero. Vamos ver o que acontece”.

De acordo com o Presidente, não existe um prazo para alcançar esse acordo e, apesar de desejar que tal aconteça “muito em breve”, talvez “seja melhor esperar até depois das eleições” presidenciais de 2020.
Boris Johnson é “muito capaz”
Quanto à situação política no Reino Unido, Donald Trump disse não querer interferir com as eleições britânicas, mas considerou o primeiro-ministro Boris Johnson “muito capaz”.

“Penso que Boris é muito capaz e acredito que irá fazer um bom trabalho”, declarou, aproveitando para reafirmar o seu apoio ao Brexit.

Quando questionado sobre se seria capaz de trabalhar com o líder da oposição, Jeremy Corbyn, caso seja este a vencer as eleições de 12 de dezembro, Trump garantiu que consegue trabalhar com qualquer pessoa. “Sou uma pessoa com quem é fácil trabalhar”, defendeu.

O Presidente norte-americano frisou ainda que o Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido não está em cima da mesa de negociações comerciais entre esse país e os Estados Unidos. “Nunca pensei sequer nisso” garantiu Trump. “Não o queríamos nem que nos fosse entre numa bandeja de prata”.

Na semana passada, Corbyn disse existirem provas de que Boris Johnson pretende “vender” o sistema público de saúde aos EUA.
Impeachment é uma farsa”
Outro dos temas que não poderia ficar de parte na conferência de imprensa dada em Londres é o processo de destituição de que Trump está a ser alvo.

A questão do impeachment é uma farsa, tornou-se uma farsa. Está a ser feito para ganho puramente político. [Os democratas] estão a ver se conseguem ou não fazer algo em 2020 porque, caso contrário, vão perder [as eleições presidenciais]”, defendeu Donald Trump.

Os democratas no Congresso têm levado a cabo um processo de tentativa de destituição do Presidente. Neste processo, Trump é acusado de ter pedido ao homólogo ucraniano para investigar o rival político Joe Biden e o seu filho, Hunter Biden, acusados por Trump de corrupção.

c/ agências internacionais
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