Trump ataca Ilhan Omar e multidão grita “Mandem-na de volta!”

por RTP
A representante eleita pelo partido Democrático é a única das quatro mulheres “não-brancas” recentemente atacadas por Trump no Twitter que não nasceu nos EUA. Jonathan Drake - Reuters

Durante um comício do Presidente dos Estados Unidos, uma multidão de apoiantes de Trump gritava em uma só voz: “Mandem-na de volta!”. Referem-se a Ilhan Omar, uma das congressistas visadas por Trump no Twitter, pedindo que regresse ao seu país de origem. Poucas horas antes do comício, um pedido de impeachment contra o Presidente norte-americano foi rejeitado.

Assim que Donald Trump menciona Ilhan Omar, durante um comício que decorreu na quarta-feira em Greensville, ouve-se a multidão a vaiar a congressista. “Mandem-na de volta! Mandem-na de volta!”, gritam repetidamente.

A representante eleita pelo partido Democrático é a única das quatro mulheres “não-brancas”, recentemente atacadas por Trump no Twitter, que não nasceu nos EUA. Nascida na Somália, chegou a terras americanas com oito anos enquanto refugiada. Os apoiantes de Trump pedem, por isso, que volte ao seu país de origem.


“Extremistas cheias de ódio”, é a expressão que Donald Trump utiliza durante o comício para se referir a Omar, Alexandria Ocasio-Cortez, Ayanna Pressley e Rashida Tlaib. “Elas não adoram o nosso país. Estão tão revoltadas. Se elas não gostam, podem sair. Deixem-nas sair”, continuou.

Ilhan Omar respondeu aos ataques, no Twitter, com um poema de Maya Angelou. “Podem disparar as vossas palavras contra mim. Podem cortar-me com os vossos olhos. Podem matar-me com o vosso ódio. Mas ainda assim, tal como o ar, eu vou erguer-me”.


Trump também utilizou o Twitter para agradecer aos seus apoiantes da Carolina do Norte. “Que público, pessoas maravilhosas. O entusiasmo espanta os nossos rivais da extrema-esquerda. 2020 será um grande ano para o Partido Republicano!”, escreveu.


Várias personalidades têm-se pronunciado em defesa das quarto congressistas visadas por Trump.
Paula Martinho da Silva

O Presidente dos EUA escreveu na sua conta do Twitter, na passada segunda-feira, que as “congressistas democratas progressivas” deviam “voltar e ajudar a consertar os lugares totalmente desfeitos e infestados de crime” de onde vieram.

Candidatos democratas reagiram a estes comentários defendendo que Donald Trump deveria ser afastado do cargo.“É desprezível. É cobarde. É xenófobo. É racista. Corrompe o estatuto de Presidente”, escreveu a senadora Kamala Harris, no Twitter.

Joe Biden, antigo vice-presidente dos EUA, deixou igualmente uma mensagem a Trump na sua conta da rede social: “Senhor Presidente, estou aqui para lhe dizer isto. Este é o NOSSO país. Os Estados Unidos da América. Nunca entenderá o que nos torna fortes”.
Pedido de impeachment rejeitado
Horas antes do comício, um pedido de impeachment contra o Presidente norte-americano foi rejeitado pela Câmara dos Representantes.

As quatro congressistas, durante uma conferência de imprensa que decorreu na passada terça-feira, pediam que o Presidente norte-americano fosse destituído por “total desrespeito pela Constituição dos Estados Unidos”. “Já é tempo de deixarmos de permitir que este Presidente ridicularize assim a nossa Constituição. É tempo de destituir este Presidente”, defendeu Ilhan Omar.

O pedido foi, então, apresentado pelo democrata do Estado do Texas, Al Green, depois de a Câmara dos Representantes ter aprovado a denúncia dos ataques racistas de Trump às congressistas.

O pedido de impeachment acabou por ser rejeitado com 332 votos desfavoráveis, perdendo o apoio da Câmara dos Representantes e ganhando 137 votos contra por parte dos democratas.

Acredita-se que os votos contra o impeachment por parte dos democratas se justifique pela posição tomada pela presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, que defende que não se deve agir em direção a um impeachment até que se investigue e recolham provas suficientes contra Trump.

“Temos seis comissões a trabalhar a acompanhar os factos em termos de abusos de poder, obstrução de justiça e restantes coisas que o Presidente possa ter feito. Esse é o caminho em que estamos”, afirmou Pelosi na quarta-feira.
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