Trump chega a Israel a acenar com "derradeiro acordo"

por RTP
Trump voou para a capital de Israel a partir da Arábia Saudita Amir Cohen - Reuters

São dois dias de encontros com líderes israelitas e palestinianos no primeiro périplo internacional de Donald Trump desde que sucedeu a Barack Obama. O Presidente dos Estados Unidos tem sido vago sobre os esforços diplomáticos a empreender em Israel e nos territórios da Autoridade Palestiniana.

Donald Trump vai encontrar-se com líderes dos dois lados para negociar aquele que já classificou como o “derradeiro acordo” de paz. Isto numa altura em que se marcam os 50 anos da ocupação da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental pelas forças hebraicas.

O avião do Presidente norte-americano aterrou a meio da manhã no aeroporto de Ben Gurion, em Telavive. Trump voou para a capital de Israel a partir da Arábia Saudita, um aliado-chave com o qual acabou de firmar um acordo de armamento avaliado em cerca de 98 mil milhões de euros.

Segundo o Presidente dos Estados Unidos, o conflito deve ser resolvido pelos dois lados em conversações diretas.
"Laços inquebráveis"
Num curto discurso à chegada a Telavive, Donald Trump elogiou "os laços inquebráveis" entre os Estados Unidos e Israel. O Presidente dos EUA diz que agora devem "trabalhar juntos para construir um futuro onde as nações da região estão em paz".

Trump salientou ainda que esta é "uma rara oportunidade de trazer estabilidade a esta região e destruir o terrorismo".

O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, veio garantir que o Presidente Donald Trump estava preparado para investir os seus esforços pessoais na paz no Médio Oriente, se os líderes israelitas e palestinianos estivessem prontos a assumir a sério o envolvimento no processo.

A BBC sublinhava esta segunda-feira que Trump tem sido visto como mais favorável ao Estado de Israel do que o seu antecessor, Barack Obama, tendo tomado uma posição mais suave quanto aos colonatos ilegais, sugerindo que é a sua expansão e não a sua existência que pode dificultar a busca da paz.
A agenda de Trump
Depois de ter estado dois dias na Arábia Saudita, Trump chega a Israel antes de seguir para Bruxelas, para o Vaticano e para a Sicília. Trump chegou esta segunda-feira aos territórios em conflito vindo da capital da Arábia Saudita, onde pediu a líderes árabes e muçulmanos que liderem o combate ao extremismo islâmico e que expulsem os radicais "desta terra".

O périplo de viagens oficiais ao estrangeiro, desde que chegou ao poder há quatro meses, acontece num momento de tensão política nos EUA, com as suspeitas de conluio entre a equipa do Presidente e o Kremlin. Um dossier que levou já ao despedimento do diretor do FBI James Comey.

De acordo com a CNN, após o desembarque em Telavive Trump vai a Jerusalém para uma série de reuniões, discursos e visitas simbólicas.

Esta segunda-feira encontra-se com o Presidente de Israel, Reuven Rivlin, com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e ainda com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas.

O Presidente norte-americano destacou ainda o Irão, por estar a "alimentar os fogos de conflitos sectários e do terrorismo" na região e voltou a sublinhar que acredita ser possível alcançar um acordo de paz israelo-palestiniano.

A visita oficial de Trump acontece depois de ter sido noticiado que saíram de Israel as informações confidenciais sobre o Daesh alegadamente partilhadas na Casa Branca com o ministro dos Negócios Estrangeiros o embaixador da Rússia – pondo em risco as relações entre os dois aliados.
O conflito
Os israelitas defendem que a totalidade de Jerusalém é sua, mas a comunidade internacional não reconhece a soberania hebraica sobre a cidade. Já os palestinianos reivindicam a parte oriental da cidade para si como capital de um futuro Estado independente, uma exigência que ganhou força com os Acordos de Oslo de 1993 mas que Israel continua a não aceitar. Por isso, até aos dias de hoje o país teve que manter as duas embaixadas em Telavive.

Mais de 600 mil judeus e israelitas mudaram-se para 140 colonatos hebraicos nos territórios ocupados da Palestina, desde a ocupação de 1967.

Os colonatos são tidos como ilegais à luz do Direito Internacional, uma acusação que o Governo israelita continua a refutar.
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