Trump e Erdogan estudam reaproximação entre EUA e Turquia

por Graça Andrade Ramos - RTP
Um avião de carga da Força Aérea dos EUA Boeing C-17A Globemaster III sobrevoa um minarete na base aérea turca de Inçirlik, em março de 2016 Murad Sezer - Reuters

Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, falaram ao telefone na terça-feira e concordaram em agir em conjunto para vencer o Estado Islâmico, especificamente nas cidades sírias de al-Bab e em Raqqa, a capital designada do grupo extremista, afirmaram fontes da Presidência turca.

A criação de uma zona de segurança na Síria, a crise de refugiados e a luta contra o terrorismo foram igualmente abordados durante o telefonema.

Erdogan apelou ainda Trump para que não apoie as milícias curdas da Síria, as YPG, que considera igualmente terroristas e uma extensão dos grupos separatistas curdos na Turquia.

A conversa entre os líderes "foi positiva e decorreu num quadro de bom ambiente", referiram as fontes. Ancara ja referiu que espera "mudanças" com o novo inquilino em Washington.

Um comunicado da Casa Branca refere apenas que Trump afirmou a Erdogan que ambos os países "partilham o compromisso de combater o terrorismo sob todas as formas", aplaudindo a contribuição turca na luta contra o Estado Islâmico.
Visita de Pompeo
O exército turco e os grupos armados que apoia na Síria têm estado a combater o grupo Estado Islâmico na cidade de al-Bab, a noreste da cidade de Alepo e a alguns quilómetros da fronteira entre os dois países. Ancara afirma que nesta madrugada assumiu o controle de colinas sobranceiras a al-Bab e que matou nos combates 58 militantes do Estado Islâmico. A cidade está completamente cercada há três dias.

A Turquia queixava-se da falta de apoio de Obama nesta luta.

Os gabinetes de ambos os líderes afirmaram que Trump reiterou o apoio americano à Turquia como "um aliado estratégico e da NATO", durante o telefonema de terça-feira.

De acordo com Ancara, em consequência do telefonema ficou agendada para a próxima quinta-feira uma visita à Turquia do novo diretor da CIA, Mike Pompeo.

Mike Pompeo, o novo diretor da CIA sob Donal Trump, na audiência de confirmação no Senado Foto: Reuters

A visita irá abordar, entre outras questões, o problema de Fettulah Güllen, que o Governo turco responsabiliza por uma alegada tentativa de golpe de Estado no verão passado.

O golpe reforçou o poder central de Erdogan e desencadeou uma longa série de purgas em todos os sectores da sociedade turca, desde o exército aos media e ao poder judicial.

Fettulah, um clérigo ex-aliado de Erdogan, vive exilado desde 1999 na Pensilvânia, nos Estados Unidos, operando, segundo Ancara, uma rede terrorista e de oposição ao Governo. Barack Obama sempre recusou extraditá-lo. Obama apoiou igualmente as milícias YPG, irritando Ancara.

A tensão abalou a cooperação turco-americana no âmbito da NATO, que permite aos Estados Unidos usar, como apoio às operações na Síria, a base aérea turca de Inçirlik, na província de Adana.

Washington não confirmou de imediato a visita de Pompeo à Turquia.
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