Depois da condenação do antigo advogado de Trump, Michael Cohen, e da recente confissão feita pelo empresário David Pecker, a imprensa norte-americana avança esta sexta-feira que o atual Presidente norte-americano marcou presença numa reunião fulcral para a investigação em curso, ocorrida a agosto de 2015. As autoridades acreditam que este encontro foi decisivo para combinar os pagamentos polémicos de forma a comprar o silêncio e manter em segredo as relações extraconjugais do então candidato à presidência dos Estados Unidos.
De acordo com a imprensa norte-americana, há documentos judiciais que indicam que Donald Trump esteve na reunião decisiva com David Pecker, responsável pela American Media, empresa que controla o tabloide National Enquirer, e ainda com o seu antigo advogado Michael Cohen.
Soube-se também esta semana que David Pecker, um amigo de longa data de Donald Trump, veio completar as confissões de Michael Cohen, assumindo o pagamento de 150 mil dólares para silenciar Karen McDougal, uma antiga modelo da Playboy e, mais tarde, outro pagamento de 130 mil dólares, com o mesmo propósito, à atriz pornográfica “Stormy Daniels”.
Em troca deste depoimento, os procuradores federais de Nova Iorque garantiram a imunidade a Pecker neste caso de potencial financiamento ilícito de atividade política.
Agora, a CNN avança que, de acordo com uma fonte próxima do processo, o então candidato às eleições presidenciais nos EUA também participou nesta reunião decisiva onde foi negociada a ocultação de histórias potencialmente negativas para a campanha de Trump.
Em novembro, o Wall Street Journal já tinha avançado que Trump tinha participado neste encontro no centro de toda a polémica onde, de acordo com a acusação, Pecker “ofereceu-se para ajudar a lidar com as histórias negativas sobre as relações do candidato presidencial com mulheres, oferecendo-se para ajudar a campanha a identificar estas histórias para que estas pudessem ser compradas e, dessa forma, evitar a sua publicação”.
“Segundo as instruções” de Trump
Ainda que o pagamento de dinheiro pelo silêncio das duas mulheres não seja considerado ilegal, o pagamento e contribuição não declarada a favor de uma campanha eleitoral é considerado ilegal perante a lei norte-americana.
Os procuradores entendem que os pagamentos de Cohen e Pecker tinham como objetivo proteger Donald Trump e evitar que as histórias das duas mulheres pudessem vir a público antes das eleições de novembro de 2016.
O atual Presidente dos Estados Unidos, no centro desta polémica, tem negado constantemente o envolvimento no caso. Mas de acordo com o depoimento de Michael Cohen, o pagamento às mulheres foi feito “em coordenação e segundo as instruções” de Donald Trump.
Com o círculo cada vez mais próximo do inquilino da Casa Branca, é no entanto provável que o Presidente em funções não chegue a ser acusado em relação aos pagamentos não declarados da sua campanha, pelo menos enquanto estiver em exercício na Presidência.
Quanto à possibilidade de se iniciar um processo de destituição no Congresso, nomeadamente a partir do próximo ano - com os republicanos a perderem a maioria na Câmara dos Representantes – o caso dos pagamentos indevidos da campanha poderá juntar-se à investigação da alegada interferência russa nas eleições de 2016 e prejudicar ainda mais a imagem e reputação do Presidente dentro do próprio Partido Republicano.