Trump faz piada sobre “Pocahontas” durante homenagem a nativos-americanos

por RTP
Discurso de Donald Trump na cerimónia Kevin Lamarque - Reuters

Numa cerimónia de homenagem aos veteranos indígenas, Donald Trump fez uma piada racial referindo-se à senadora do Congresso, Elizabeth Warren, como "Pocahontas".

Esta segunda-feira, o Presidente dos Estados Unidos recebeu na Casa Branca veteranos navajos que combateram na Segunda Guerra Mundial, numa cerimónia para os homenagear.

No discurso de louvor dirigido aos veteranos, Trump voltou a criticar, à semelhança do que aconteceu durante a campanha presidencial, a senadora democrata de Massachusetts que, na campanha para o Senado em 2012, foi acusada de afirmar uma falsa ascendência nativo-americana e de aproveitar o tema para ganhar votos.

“Vocês são pessoas muito, muito especiais”, começou por elogiar os antigos combatentes.

“Estão aqui há mais tempo do que qualquer um de nós, embora tenhamos uma representante no Congresso que dizem ter estado aqui também há muito tempo. Chamam-lhe Pocahontas. Mas sabem que mais? Eu gosto de vocês, porque vocês são especiais”, continuou Donald Trump, referindo-se a Elizabeth Warren.

No decorrer da cerimónia, o Presidente norte-americano referiu-se repetidamente a Warren como “Pocahontas”, nunca mencionando o nome da senadora na sua intervenção.

Já na campanha presidencial, em 2016, Trump referiu-se várias vezes a Elizabeth Warren com o nome da personagem da Disney, que figurava a filha de um líder nativo-americano do século XVII, gracejando com as raízes indígenas que a senadora afirma ter.
Warren, a "Pocahontas" do Senado
Elizabeth Warren é uma das democratas liberais de maior destaque no Senado e foi eleita pelo Estado de Massachusetts. Formada em Direito, já lecionou em Harvard e foi conselheira do ex-Presidente Barack Obama, antes de ser eleita como senadora.

“É profundamente lamentável que o Presidente dos Estados Unidos não consiga sequer passar uma cerimónia a honrar estes heróis sem lançar uma injúria racial”, afirmou a senadora ao MSNBC em resposta à piada racial de Trump.

Sarah Sanders, porta-voz da Casa Branca contestou a caracterização da observação de Trump como uma injúria racial, afirmando que o Presidente norte-americano não tinha intenção de ofender Warren.

Apelando à “quantidade extrema de valor e de respeito” de Trump relativamente aos veteranos indígenas da Segunda Guerra Mundial, Sanders afirmou, no entanto, que “a maioria das pessoas acha ofensivo é a senadora Warren mentir sobre a sua herança para avançar na carreira”.

Os líderes nativos norte-americanos têm considerado os ataques de Trump a Warren, desde a campanha presidencial do ano passado, como ofensivos e desagradáveis.

Outra questão que tem gerado polémica relativamente à cerimónia de homenagem aos veteranos é o facto de Donald Trump ter recebido os antigos combatentes navajos e discursado na Sala Oval, com o retrato de Andrew Jackson como fundo.

Andrew Jackson foi o sétimo Presidente dos Estados Unidos e em 1830 assinou o “Indian Removal Act”, decretando a remoção e relocalização de tribos indígenas de territórios federais. Esta lei, que ainda hoje gera controvérsia, levou à expulsão e relocação forçada de milhares de nativo-americanos do sul da América do Norte.

Os veteranos de guerra Navajo foram homenageados por terem tido um papel fundamenta nas batalhas dos EUA com o Japão no Pacífico, durante a Segunda Guerra Mundial. Durante a guerra, os indígenas desenvolveram um código, com base no seu idioma, de forma a trocar mensagens cifradas que os alemães não conseguiam interpretar.
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