Trump nega favores do Deutsche Bank e denuncia "fake news"

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Jonathan Ernst, Reuters

O Deutsche Bank está a ser acusado de laxismo face a operações financeiras duvidosas de grandes clientes depois de o New York Times noticiar que algumas das fiscalizações internas de transacções de empresas de Donald Trump, em 2016 e 2017, foram atiradas directamente para o lixo. O banco alemão está agora debaixo de fogo por alegadamente ter afastado os funcionários que revelaram os esquemas de branqueamento de capitais.

De acordo com a investigação do NYT, terão sido vários os funcionários do Deutsche Bank afastados – transferidos ou demitidos – para dessa forma encobrir os esquemas de branqueamento de empresas como as da sociedade de Donald Trump, agora sob direcção dos seus filhos Eric e Donald Trump Jr. e com dívidas na ordem dos 330 milhões de dólares. Na rede de operações suspeitas está igualmente o genro do presidente norte-americano, Jared Kushner, casado com a sua filha Ivanka Trump e, como ela, seu conselheiro na Casa Branca.Funcionários do Deutsche Bank transferidos ou demitidos a fim de esconder suspeitas sobre negócios de alguns dos seus clientes mais poderosos.

Os funcionários do banco alemão que averiguaram as operações suspeitas contaram ao jornal terem redigido um relatório que, acreditavam, levaria ao pedido de intervenção do Departamento do Tesouro, o que não veio a acontecer. Ouvidos pelo The New York Times, cinco desses funcionários afirmam que estamos aqui perante um total laxismo em relação ao que deve ser a luta contra o branqueamento de capitais.

É, acrescentam, uma prática comum do Deutsche Bank quando se trata dos seus clientes mais poderosos, em relação aos quais o banco desenvolve todos os mecanismos necessários para proteger nos negócios mais sensíveis.

Estes funcionários falam de uma prática bancária totalmente alheia à legislação anti-corrupção. Uma das fontes do NYT disse ter sido despedido do banco alemão no ano passado depois de ter detectado este tipo de transacções.A dívida das empresas de Trump são da ordem dos 300 milhões de euros.

É uma acusação rejeitada por uma porta-voz do Deutsche Bank ouvida pelo jornal norte-americano. Esta responsável qualifica as acusações que vêm agora a público de “completamente falsas”.

Garantindo que o banco continua empenhado em fazer o seu papel na luta contra o crime financeiro, a porta-voz nega que algum funcionário tenha sido transferido ou despedido para proteger determinados clientes.

Na mesma linha de defesa, uma porta-voz da Trump Organization disse já que esta “história é um completo absurdo”. “Nós não temos conhecimento de qualquer transacção “suspeita” com o Deutsche Bank. Aliás, não temos sequer nenhuma conta operacional com o Deutsche Bank”, esclareceu esta representante dos interesses da sociedade de Donald Trump.

Um porta-voz da Kushner Companies lamentou entretanto as notícias “inventadas e totalmente falsas” do NYT.

As suspeitas de más práticas relacionadas com Trump e a banca europeia não são entretanto um assunto novo. Na sequência da conclusão de algumas das inúmeras investigações ao presidente norte-americano e, em particular, depois do depoimento perante uma comissão do Congresso de Michael Cohen, colaborador de longa data de Trump e seu advogado particular, a própria Câmara de Representantes dos Estados Unidos havia suscitado junto do Deutsche Bank a entrega de documentação relativa a questões financeiras da família Trump.

No final do passado mês de abril, Donald Trump e três dos seus filhos – Eric, Ivanka e Donald Jr. – entraram com um pedido num tribunal de Manhattan para impedir o banco alemão de aceder a essa requisição para a comparência perante as comissões de serviços financeiros e de informações com a justificação de que se trata de um “abuso de poder” da maioria democrata da câmara.
Tópicos
pub