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Trump quer criar força militar para o espaço mas conta com obstáculos

por RTP
A administração Trump tem de conquistar apoio no Congresso Mary Calvert - Reuters

O Presidente dos Estados Unidos quer criar um novo ramo militar, em 2020, para operar no espaço. A Administração norte-americana vai, para isso, tentar captar o apoio dos republicanos e dos democratas no Congresso. O anúncio já foi alvo de humor nos Estados Unidos.

O vice-presidente Mike Pence foi ao Pentágono anunciar a intenção de criar o sexto ramo militar. O debate para a criação de uma Força Espacial é antigo e não reúne consenso, mesmo entre os militares, mas Mike Pence disse ser “uma ideia cujo tempo chegou”.

“A América irá sempre procurar a paz no espaço, tal como na Terra. Mas a história prova que a paz apenas chega através da força. E no reino do espaço exterior, a Força Espacial dos Estados Unidos será essa força para os anos vindouros”, declarou Pence.

O vice-presidente notou que o passo seguinte é a aprovação do Congresso para estabelecer e financiar o novo ramo militar.

Um relatório tornado público quinta-feira, e ao qual a agência Reuters teve acesso definia medidas provisórias para a criação do novo ramo. O documento mencionava a formação de um comando combatente unificado, conhecido como Comando Espacial dos Estados Unidos, a ser formado até final de 2018.

Mas a máquina de campanha de Donald Trump já está em ação: esta quinta-feira, a comissão para a reeleição de Trump em 2020 enviou um email de angariação de fundos, em que era pedido aos apoiantes que votassem no logotipo preferido (de entre seis propostas) para futuros brindes.

Donald Trump tem vindo a defender a criação do ramo autónomo da Força Aérea e do Exército e a expressão “Space Force” começou a ouvir-se cada vez mais nos comícios.


Em março deste ano, Donald Trump dizia, num discurso aos “marines” que o “espaço é um domínio de lutas, tal como a terra, o ar e o mar”. Recordando que os astronautas eram oriundos dos diferentes ramos militares, Donald Trump dizia que o objetivo era recuperar o atraso e ganhar a liderança no espaço.

Caso se verifique a criação do novo ramo, em 2020, a Força Espacial irá juntar-se ao Exército, Marinha, Força Aérea, Guarda Costeira e Marines.
Congresso e militares divididos
A Força Espacial seria responsável por uma série de ações militares, desde satélites que permitem o Sistema de Posicionamento Global (GPS) até sensores que ajudam a rastrear o lançamento de mísseis.

O principal obstáculo à ideia é a aprovação do Congresso, requerida para a criação de qualquer novo ramo das Forças Armadas.

Para o senador democrata Bill Nelson a medida vai “desfazer as Forças Aéreas”.

O histórico democrata do Vermont Bernie Sanders nota que “talvez, só talvez” fosse melhor garantir melhores cuidados de saúde “antes de gastar milhões para militarizar o espaço”.

Menos diplomático, o também democrata Brian Schatz classifica a iniciativa de “ideia idiota”. “Embora a Força Espacial não vá acontecer, é perigoso ter um líder que não pode ser dissuadido de ideias malucas”, escreveu no Twitter.


Os críticos da ideia dizem que este novo ramo irá aumentar ainda mais o já burocrático Ministério da Defesa. Consideram uma vaidade de Trump, que faria melhor se envidasse esforços, juntamento com o Congresso e as Forças Armadas, para melhor coordenar os ramos já existentes.

Outros notam que a missão do novo ramo militar já é assegurada pelo Comando Espacial da Força Aérea, criado em 1982 e dependente das chefias da Força Aérea.

Já os líderes do Pentágono e também o secretário da Defesa, outrora contrários à ideia de uma Força Espacial, alinharam-se esta quinta-feira com a administração de Trump. O espaço “está a tornar-se num disputado domínio de guerra e temos de nos adaptar a essa realidade”, justificou Jim Mattis.

O texto do Pentágono recomenda que o Comando Espacial seja liderado uma primeira fase também pelo comandante do Comando Espacial da Força Aérea.

Aqueles que defendem a criação do novo ramo militar justificam que países como a China ou a Rússia estão cada vez mais aptos a atacar os meios norte-americanos no espaço, como satélites, em caso de conflito.

Os Estados Unidos são membros do Tratado do Espaço Exterior de 1967, que proíbe a colocação de armas de destruição massiva no espaço. De acordo com o mesmo Tratado, o uso da Lua e outros corpos celestes é permitido apenas para fins pacíficos.
Objeto de humor
Sempre que Donald Trump ou a sua administração falam sobre a Força Espacial as redes sociais aquecem com críticas.

Na noite de quinta-feira, os apresentadores de programas de televisão de canais como a CBS, a ABC e Comedy Central não perderam oportunidade de recuperar o tema.

Da televisão para as redes sociais, o apresentador do programa da CBS The Late Show sugeria, na sua conta de Twitter, novos logotipos para a campanha de Trump.


Na ABC, Jimmy Kimmel admitia que a Força Espacial poderá mesmo passar do papel e sugeria colabordores para o projeto. Trevor Noah, humorista do The Daily Show que é exibido no canal de televisão Comedy Central, apontou as diferenças entre Trump e Mike Spence quando falam do tema.

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