Trump quer reduzir apoio aos países aliados da NATO

por Sandra Salvado - RTP
Jim Bourg - Reuters

O candidato presidencial republicano quer reduzir o apoio aos países aliados da NATO e encerrar bases dos Estados Unidos no estrangeiro. Em entrevista ao New York Times, Donald Trump diz que se for eleito Presidente não vai cumprir a garantia de proteção automática a qualquer membro da Aliança Atlântica e que a América só deve ajudar aliados se estes "cumprirem todas as obrigações".

Donald Trump considera que a Aliança Atlântica já não serve o propósito para que nasceu e é apenas uma forma de um grupo de países garantirem segurança à custa dos Estados Unidos. O candidato republicano havia já afirmado que renegociaria os acordos internacionais para cortar despesas, a começar pela NATO.

Na entrevista ao diário norte-americano The New York Times, Trump repetiu aquilo que tem vindo a dizer: que a NATO custa muito mais aos cofres dos Estados Unidos do que seria desejável.

Horas antes do discurso de consagração na convenção do partido, o magnata diz que os EUA só têm o dever de ajudar os seus aliados se estes tiverem “cumprido todas as obrigações” para com o país.

Para o candidato presidencial republicano, tem de haver uma reforma profunda da Organização do Tratado do Atlântico Norte, no sentido de esta incluir o terrorismo. Ou seja, tem de ser alterada do ponto de vista dos custos porque os Estados Unidos é que os suportam.
"Estamos a gastar uma fortuna"
Donald Trump destacou ainda que irá reavaliar os custos dos tratados bilaterais de defesa que os EUA têm com vários países, forçando os aliados a assumirem essas despesas.

“Estamos a gastar uma fortuna nas forças armadas para perder 800 mil milhões de dólares. Isso não me parece muito inteligente”. E acrescenta que pode mesmo encerrar várias das bases militares no estrangeiro.

Questionado sobre as ameaças russas a membros da NATO na região do Báltico, o candidato presidencial disse que, se for eleito, provavelmente irá abandonar as proteções de longa data que o Pentágono garante a Estados do leste europeu como a Estónia, a Letónia ou a Lituânia.
"Resolver a própria confusão"
O candidato referiu também que não vai intrometer-se na política interna dos seus aliados porque os EUA têm de “resolver a sua própria confusão” antes de “repreenderem” outros países.

O artigo 5 do Tratado do Atlântico Norte afirma que um ataque armado contra um ou mais membros da Europa ou da América do Norte será considerado como um ataque contra todos os membros, com a possibilidade de responder pela força para restaurar a segurança.

De recordar que a NATO tem afirmado várias vezes a intenção de deslocar as suas tropas para vários países da Europa Oriental. Por sua vez, Moscovo já tinha expressado o seu descontentamento com as iniciativas da Aliança destinadas ao aumento da presença militar na fronteira com a Rússia, e afirmou que tais ações são uma ameaça aos interesses e segurança nacional.
Trump elogia Erdogan
Questionado sobre o fracassado golpe na Turquia, na passada sexta-feira, o candidato republicano elogiou o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que tem sido criticado por alguns líderes ocidentais sobre o seu Governo cada vez mais autoritário.

“Dou-lhe crédito por ser capaz de virar o jogo. Algumas pessoas dizem que foi encenado, mas eu não penso que tenha sido assim. Quando o mundo vê como os Estados Unidos estão mal e nós começamos a falar de liberdades civis, não creio que sejamos um bom mensageiro”, concluiu Trump.

Já em relação ao conflito na Síria, o candidato republicano afirmou que o afastamento de Bashar al-Assad do poder é menos importante do que a luta contra os jihadistas.

"Assad é uma pessoa má. Ele tem feito coisas terríveis mas o Estado Islâmico representa uma ameaça maior para os EUA”.

Depois de todos os adversários republicanos terem deixado a corrida presidencial, Trump será o candidato do Partido Republicano nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, marcadas para 8 de novembro de 2016.
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