Trump reclama "autoridade total" na tomada de decisões sobre a pandemia
Donald Trump garantiu possuir "autoridade total" no que toca às medidas impostas durante a pandemia de Covid-19, que em apenas 24 horas fez 1509 mortos nos Estados Unidos. O Presidente norte-americano disse ainda que não está a considerar despedir Anthony Fauci, perito em doenças infecciosas e conselheiro de saúde da Casa Branca, mesmo depois de um tweet polémico que referia esse despedimento.
Questionado sobre se algum dos governadores tinha concordado que a autoridade total pertencia ao Presidente, Trump respondeu que “não o perguntou a ninguém”. “Sabem porquê? Porque não preciso de o fazer”, acrescentou. De acordo com o Guardian, a afirmação de Trump foi vista por analistas como uma errada e radical interpretação da Constituição.
Horas antes, Donald Trump tinha lançado um tweet no qual afirmava ter poder para anular as ordens dos governadores de cada Estado sobre a reabertura dos negócios não essenciais e espaços públicos, medidas que têm sido impostas para encorajar o confinamento domiciliário da população.
“Algumas notícias falsas dizem que a decisão de reabrir os Estados é dos governadores e não do Presidente dos EUA e do Governo Federal. Isso está incorreto. Essa decisão é do Presidente, e por muito boas razões. Posto isto, a Administração e eu estamos a trabalhar de perto com os governadores, e iremos continuar. Brevemente será tomada uma decisão, por mim em conjunto com os governadores, considerando a opinião de outros”, escreveu o Presidente.
For the purpose of creating conflict and confusion, some in the Fake News Media are saying that it is the Governors decision to open up the states, not that of the President of the United States & the Federal Government. Let it be fully understood that this is incorrect....
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 13 de abril de 2020
Ainda na conferência de imprensa na Casa Branca, o líder foi questionado sobre as medidas tomadas no mês de fevereiro, altura em que o departamento de saúde declarou uma emergência, para impedir a propagação da pandemia.
A resposta concreta do Presidente apenas chegou mais tarde, via Twitter, onde publicou a linha cronológica das decisões tomadas em fevereiro. Decisões essas que terão passado por enviar uma equipa de especialistas à China para obter informação sobre o novo coronavírus, pelo envio de kits de teste a 30 países e pela imposição de restrições a viagens de e para vários países.
Despedimento de Fauci não estará em cima da mesa
Durante o briefing, Trump foi também questionado sobre o eventual despedimento de Anthony Fauci, perito em doenças infecciosas e conselheiro de saúde da Casa Branca, depois de no dia anterior o Presidente ter partilhado um tweet de uma republicana no qual era feito um apelo a essa demissão.
“Não, eu gosto dele. Acho-o fantástico”, garantiu, apesar de concordar que “desde o início” têm surgido confrontos de ideias entre ambos. “Não me importo com a controvérsia, penso que a controvérsia é uma coisa boa, não uma coisa má”, explicou Trump.
Quando questionado sobre se reparou na referência ao despedimento de Fauci quando partilhou o tweet, o líder disse “reparar em tudo”, mas considerou que se tratava apenas “da opinião de alguém”.
Os desentendimentos entre Trump e Fauci têm sido vários, tendo o mais recente surgido depois de o especialista afirmar que “se o processo de mitigação [nos Estados Unidos] tivesse começado mais cedo, poderiam ter sido salvas vidas”.
Os Estados Unidos são, neste momento, o país mais afetado pela pandemia, contando com mais de 584 mil casos de infeção, nos quais se incluem 31 mil recuperados. O país regista mais de 23 mil vítimas mortais.