Trump recusa-se a pagar honorários ao seu advogado Rudy Giuliani

por Inês Moreira Santos - RTP
Michael Reynolds - EPA

Após um desentendimento, o ainda presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está relutante em pagar os honorários do seu advogado pessoal, Rudy Giuliani. De acordo com a imprensa internacional, Trump terá ficado ofendido com o pedido de 20 mil dólares por dia de Giuliani.

Pela segunda vez, Donald Trump é alvo de um processo de impeachment e, segundo o Guardian, o ainda presidente norte-americano anda "irritado" e sente-se "abandonado e frustrado", nos últimos dias - o que o terá motivado a ordenar aos funcionários que não pagassem a Rudy Giuliani nem atendessem qualquer chamada do advogado.

Rudy Giuliani, advogado pessoal de Trump e antigo presidente da Câmara de Nova Iorque, desempenhou um papel fundamental nas tentativas de anular, na Justiça, os resultados da eleição presidencial, deslocou-se até Estados decisivos ganhos por Joe Biden e ainda colaborou na difusão de mensagens falsas sobre a alegada fraude eleitoral.

Mas, de acordo com o New York Times, alguns apoiantes de Donald Trump e funcionários da Casa Branca culpam Rudy Giuliani pelos dois impeachments do presidente.

Enquanto Giuliani tentava tudo para anular os resultados das eleições, como desejava Trump, terá proposto um ordenado de cerca de 20 mil dólares por dia, pelos serviços jurídicos prestados. Donald Trump, no entanto, não terá gostado do valor  - valor que o advogado nega, mas que ficou registado por escrito. Trump recusou-se então a pagar esse valor.

Não se sabe ao certo se foi este o motivo para o desentendimento entre o presidente e o advogado, mas o Washington Post garante que a relação "esfriou drasticamente".

Além de ter instruído os assessores para não pagarem ao advogado os honorários pendentes, o presidente terá ordenado também que fossem rejeitadas todas as chamadas telefónicas e formas de contacto de Giuliani. Segundo um funcionário da Casa Branca, "o presidente está bastante tenso". 

Este aparente desentendimento com Giuliani - um dos apoiantes mais leais a Trump - contribuiu para o sentimento de isolamento do presidente, sugeriram à imprensa alguns assessores, acrescentando que o presidente está infeliz com o facto de alguns membros do seu círculo íntimo não terem conseguido defendê-lo após a invasão do Capitólio, na semana passada. A verdade é que muitos dos seus apoiantes não manifestaram qualquer apoio a Trump após a votação na Câmara dos Representantes, na quarta-feira, para aprovar o impeachment - incluindo a secretária de imprensa Kayleigh McEnany, o conselheiro sénior e genro Jared Kushner, o conselheiro económico Larry Kudlow, o conselheiro de Segurança Nacional Robert C. O'Brien e o chefe de gabinete, Mark Meadows.

Contrariando, contudo, as notícias do desentendimento, Donald Trump deixou um elogio ao seu advogado pessoal. Impedido de aceder às contas nas redes sociais, o presidente quis dissipar através do consultor Jason Miller a ideia de que esteja zangado com Giuliani.

"Acabei de falar com o presidente Trump, e ele disse-me que Rudy Giuliani é um grande tipo e um patriota que dedicou os seus serviços ao país! Todos nós adoramos o prefeito da América!", escreveu Miller no Twitter.



Os assessores de Trump garantem ainda que, embora reclame do insucesso jurídico nos resultados eleitorais, o presidente manteve o respeito por Giuliani.

"Não o subestimem", terá dito Trump aos assessores.

Trump tem, de facto, culpado o seu advogado pessoal de longa data e muitos outros pela situação em que se encontra agora, embora não tenha aceitado qualquer responsabilidade em público ou em particular, asseguram funcionários da Casa Branca. Giuliani, contudo, ainda deve exercer as suas funções jurídicas na resposta ao impeachment de Trump.

Mas a recusa de Trump em pagar a Giuliani pode ser o golpe mais duro na relação dos dois, uma vez que o advogado também está a ser investigado pelo alegado apoio à incitação de Trump para os apoiantes invadirem o Capitólio dos Estados Unidos.

Uma coisa é certa: Donald Trump está mais isolado do que nunca. A poucos dias de terminar o mandato, a Casa Branca tem poucos funcionários, e aqueles que vão trabalhar evitam deliberadamente o Salão Oval.

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