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"Tudo por estar na política". Trump compara-se a Navalny

por Carla Quirino - RTP
Donald Trump participa numa entrevista pré-gravada na Fox News com Laura Ingraham em Greenville, Carolina do Sul. EUA Sam Wolfe - Reuters

Em entrevista ao canal de televisão Fox News, Donald Trump comparou os próprios problemas jurídicos à repressão exercida pelo Kremlin sobre Alexei Navalny, opositor russo que morreu na prisão na semana passada. Sem mencionar Vladimir Putin, o ex-presidente norte-americano exaltou a coragem de Navalny por ter preferido ficar na política apesar das pressões.

Alexei Navalny era “um homem muito corajoso” afirmou Donald Trump, ex-presidente dos EUA, durante uma entrevista que durou uma hora, emitida na terça-feira pelo canal norte-americano Fox News.

“Ele foi um homem muito corajoso porque voltou. Ele poderia ter ficado longe e, sejamos francos, provavelmente teria sido muito melhor ficar longe e falar de fora do país em vez de ter voltado porque as pessoas pensaram que incidentes como este poderia acontecer e aconteceu”, disse Trump, referindo-se ao retorno de Navalny à Rússia depois do episódio de envenenamento em 2020, no qual o Kremlin negou estar envolvido.

“E é uma coisa horrível”, continuou Trump aproveitando para comparar as suas próprias batalhas nos tribunais com a perseguição política feita a Navalny.
Colagem a Navalny
Trump voltou-se então para si mesmo, sugerindo que os processos de que é alvo são motivados pela política, apesar de não haver provas de que Biden ou a Casa Branca os tenham ordenado.

“Isso também está a acontecer no nosso país. Estamos a nos transformar num país comunista em muitos aspetos. Tenho oito ou nove julgamentos, todos por causa do fato de que estou na política”.

“Fui indiciado quatro vezes, tudo por estar na política”, disse o republicano. “Eles indiciaram-me por coisas que são ridículas”.

Trump criticou ainda a multa de 355 milhões de dólares que lhe foi aplicada num julgamento por fraude em Nova Iorque , alegando que “é uma forma de Navalny. É uma forma de comunismo ou fascismo".Apesar das perguntas da jornalista Laura Ingraham, Donald Trump contornou sempre o nome de Putin.

Dias antes, o candidato à nomeação republicana para a eleição presidencial de novembro, afirmara na rede social Truth Social que a morte de Navalny numa colónia penal do Ártico o havia tornado “mais consciente do que está a acontecer” nos Estados Unidos, remetendo para a alegada perseguição judicial e as 91 acusações criminais que enfrenta.

Já Joe Biden, presidente norte-americano, que apontou de imediato o dedo a Putin pela morte do líder da oposição russa, deixou críticas ao republicano: “Porque é que Trump culpa sempre a América? Putin é responsável pela morte de Navalny. Porque será que Trump não consegue dizer isso, simplesmente?”.

Trump atacou a diplomacia de Biden e voltou a exaltar a sua relação com Putin e outros líderes estrangeiros autoritários. O ex-presidente procurou contrastar o histórico de Biden com o seu, sustentando que enquanto esteve na Casa Branca houve mais paz e estabilidade no mundo.

"Conheço Putin muito bem. E conheço o presidente Xi [Jinping] da China, conheço mais Kim Jong-un [da Coreia do Norte], conheço muito bem, fiz um ótimo trabalho com ele", clamou Trump.
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