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Guerra na Ucrânia
Ucrânia. Casa Branca espera acordo sobre minerais "num curtíssimo prazo"
O conselheiro para a segurança nacional dos EUA, Mike Waltz, mostrou-se confiante esta sexta-feira que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, venha a assinar "num curtíssimo prazo" o acordo sobre a exploração de minerais com os Estados Unidos.
Donald Trump tem procurado obter direitos na ordem dos 500 mil milhões de dólares sobre as terras raras ucranianas, negócio que Zelensky recusou terça-feira, por considerar que excede as contribuições norte-americanas para o esforço de guerra ucraniano e porque não dá garantias suficientes de segurança ao país, face à ameaça russa.
Segundo uma fonte em Kiev, o lado ucraniano apresentou já alterações à oferta que beneficiariam ambos os lados. A agência de notícias AFP informou, igualmente, através de um "alto funcionário ucraniano" não identificado, que as negociações sobre o acordo de minerais estão a progredir.
"Há uma troca constante de rascunhos, enviamos outro ontem", relatou a fonte de Kiev, acrescentando que a Ucrânia estava agora à espera de uma resposta dos EUA.
O gabinete de Zelensky disse que o chefe de gabinete do presidente ucraniano, Andriy Yermak, discutiu o "alinhamento de posições" nas relações bilaterais num telefonema com Waltz, sexta-feira, após trocas de palavras acirradas entre Trump e o líder ucraniano durante toda a semana.
Poucas horas depois, durante a Conferência de Ação Política Conservadora, nos arredores de Washington, Waltz mostrou-se certo de que "o resultado final" será a capitulação de Kiev. "O presidente Zelensky vai assinar esse acordo, e vocês verão isso no curtíssimo prazo", garantiu.
No dia anterior, Waltz considerara que Zelensky precisava voltar à mesa de negociações.
O jogo de Trump
Esta sexta-feira, em entrevista à Fox News, o presidente Donald Trump disse por seu lado que Kiev "não tem cartas para jogar" e que "está farto". "Tenho-o visto a negociar sem cartas. Ele não tem cartas e isso cansa uma pessoa... Já estou farto".
De acordo com a proposta da Administração Trump, os EUA ficariam com 50 por cento das vendas de licenças e outras receitas provenientes dos minerais, o que violaria as leis ucranianas. Zelensky recusou compromissos.
"Não deixei os ministros assinarem um acordo relevante porque, do meu ponto de vista, não nos protege, aos nossos interesses", explicou o presidente ucraniano na Conferência de Segurança de Munique, no sábado passado.
Na terça-feira, a visita do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, esbarrou na mesma resistência.
À Fox News, Trump mostrou-se agastado, dizendo que a viagem de Benson à Ucrânia, para o acordo sobre minerais, foi uma "viagem desperdiçada, uma viagem perigosa também, não gostei", disse, considerando ainda que Zelensky "dificulta muito conseguir acordos".
Volodymyr Zelensky terá mostrado disponibilidade, mas para receber "investimentos de empresas americanas" nesta área. Ainda assim, especialistas ouvidos nas agências internacionais acreditam que a Ucrânia poderá ceder. Contudo, há um problema: as terras com estes recursos estão sob ocupação russa.
Ao fazer o jogo russo, Trump poderá conseguir a paz e, ao mesmo tempo, obter do Kremlin as concessões que pretende sobre os minerais, ao ajudar a Rússia a apossar-se dos territórios ucranianos onde se encontram as reservas de terras raras.
De forma algo contraditória, aos microfones da Fox News, o presidente norte-americano procurou apesar disso desvalorizar o negócio, a que Zelensky teria anuído em princípio no início de fevereiro.
"E ele então fez um acordo connosco por terras raras e outras coisas. Ninguém sabe quanto vale a terra rara, você sabe, mas pelo menos é alguma coisa. E quem sabe quanto vale? Quem sabe se eles ainda as têm?" questionou Trump.
As terras raras contêm minerais essencais a diversas tecnologias. Apesar de abundantes, nem sempre a sua exploração é viável economicamente. Atualmente, a China domina a sua exploração mundial, razão para os Estados Unidos procurarem obter fontes independentes para a sua indústria.