UE apela a manutenção de apoio à agência da ONU para Refugiados Palestinianos

por Lusa

A União Europeia apelou hoje aos doadores da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) para continuarem a apoiar a organização após uma investigação independente apontar problemas de neutralidade, sem encontrar provas de alegadas ligações ao Hamas.

"Apelo aos doadores para que apoiem a UNRWA, que é vital para os refugiados palestinianos", afirmou o comissário europeu para Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, Janez Lenarcic, numa mensagem hoje publicada na rede social X.

A União Europeia é o maior doador da UNRWA.

A agência da ONU foi acusada, em março, por Israel de empregar mais de "400 terroristas" em Gaza, alguns dos quais, segundo aquele país, terão estado ligados aos ataques do grupo islamita Hamas de 07 de outubro.

As acusações causaram uma onda de críticas e a suspensão por 16 países do financiamento à agência da ONU, privando a UNRWA de 450 milhões de dólares (quase 423 milhões de euros) e ameaçando a continuidade das suas operações, tanto na Faixa de Gaza como noutras zonas da região onde também estão presentes refugiados palestinianos.

Perante a situação, a antiga ministra dos Negócios Estrangeiros francesa Catherine Colonna, juntamente com vários institutos internacionais, conduziram uma investigação independente à UNRWA cujas conclusões, apresentadas na segunda-feira, indicam não haver provas das acusações de Israel, mas apontam aspetos a melhorar em termos de neutralidade e transparência.

Na mensagem hoje divulgada nas redes sociais, Lenarcic admitiu ter ficado satisfeito com o relatório, sublinhando o número "significativo de sistemas de conformidade criados pela agência" para garantir a sua integridade e neutralidade após as acusações.

Com mais de 30.000 funcionários, a UNRWA dedica-se a ajudar os cerca de 5,9 milhões de palestinianos da região (Gaza, Cisjordânia, Líbano, Jordânia e Síria) que estão registados na agência da ONU.

A organização, criada pela Assembleia Geral da ONU em 1949, "é a espinha dorsal das operações humanitárias" em Gaza, defendeu o líder da UNRWA, Philippe Lazzarini, na semana passada, perante o Conselho de Segurança, denunciando uma "campanha insidiosa" para pôr fim às suas operações.

"O desmantelamento da UNRWA teria repercussões duradouras" com a consequência, em particular, de "agravar a crise humanitária em Gaza e acelerar o início da fome", alertou.

A fome é uma ameaça forte no norte do território palestiniano, onde mais de 34 mil pessoas, a maioria delas civis, foram mortas desde o início da ofensiva israelita, segundo o Ministério da Saúde palestiniano, controlado pelo Hamas.

 

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