Último debate entre Trump e Biden com microfones silenciados

por RTP
Reuters

Faltam duas semanas para as eleições e as campanhas dos candidatos à Casa Branca já estão em contrarrelógio. Na quinta-feira, Donald Trump e Joe Biden vão encontrar-se para o último debate da campanha em Nashville, no Estado de Tenessee. Para evitar que se repita a confusão do último encontro entre os dois, a comissão organizadora decidiu mudar as regras e introduzir o botão "mute" para silenciar o microfone de um candidato enquanto o outro tiver a palavra.

A Comissão de Debates Presidenciais anunciou na segunda-feira que o último debate antes das eleições a 3 de novembro, marcado para a próxima quinta-feira, vai ter novas regras para que decorra sem interrupções e para evitar a confusão do anterior. Nesse sentido, os candidatos à presidência dos Estados Unidos da América, Donald Trump e Joe Biden vão ter os microfones desligados durante parte do próximo debate eleitoral, para garantir que respeitam os tempos de resposta um do outro.

O debate de quinta-feira vai ter uma duração de cerca de 90 minutos e será dividido em segmentos de 15 minutos, por cada um dos seis tópicos - combate à Covid-19, alterações climáticas, segurança nacional, questões raciais, liderança norte-americana e famílias norte-americanas - tendo cada candidato dois minutos para fazer comentários ininterruptos antes de prosseguir para um debate aberto durante nove minutos de cada segmento.

O debate anterior entre os candidatos foi bastante criticado pelo facto de ambos se interromperem constantemente e não deixarem, por isso, o adversário falar e até terminar frases. Assim, segundo as novas regras decididas pela comissão responsável pela organização dos debates, no início de cada uma das seis partes do próximo debate, cada candidato vai ter dois minutos para responder a uma questão inicial, e nesse momento o seu opositor terá o microfone desligado e não poderá interromper.

A comissão explicou que "para fazer cumprir esta regra anunciada, o único candidato cujo microfone estará ligado durante esses períodos de dois minutos é o candidato que tem a palavra segundo as regras", mas que ambos os microfones serão ativados para a posterior discussão aberta.

"Nenhuma campanha estará totalmente satisfeita com as medidas anunciadas. Uns pensarão que estamos a ir demasiado longe, outros pensarão que não estamos a ir longe o suficiente. Estamos confiantes que esta ação permitirá o balanço certo e que é do melhor interesse do povo americano, para quem estes debates são dirigidos", respondeu a Comissão para os Debates Presidenciais, num comunicado citado pela CNN.

"A Comissão espera que, durante os tempos de discussão aberta, os candidatos respeitem o tempo de cada um, permitindo um discurso civilizado, para benefício dos espectadores", acrescenta ainda o comunicado.
Trump considera "injustas" as novas regras
A campanha de Donald Trump expressou já objeções às novas regras, mas garantiu que o candidato republicano ia participar no evento na noite de quinta-feira.

"O Presidente Trump está empenhado em debater com Joe Biden independentemente das mudanças de última hora nas regras da comissão tendenciosa, na sua última tentativa de fornecer vantagem ao seu candidato favorito", disse o diretor de comunicação da campanha de Donald Trump, Bill Stepien.

Também o Presidente, e novamente candidato à Casa Branca, reagiu ao anúncio da comissão, afirmando que considera "injusto" a aplicação destas regras.

"Eu vou participar, mas acho que é muito injusto", declarou o Presidente Donald Trump, quando questionado pelos jornalistas sobre esta mudança.

A campanha de Trump contestou ainda os tópicos escolhidos para abordar no próximo debate, argumentando que deveriam ser mais centrados na política externa e que a comissão organizadora estava a ser favoravelmente tendenciosa para o lado de Biden.

"É muito injusto que mudem os tópicos e é muito injusto que novamente tenhamos uma âncora totalmente tendenciosa", disse Trump.

Por sua vez, a campanha de Joe Biden disse que ambos os lados concordaram em permitir que fossem os moderadores a escolher os temas. Segundo o candidato democrata, Trump queria evitar debater sobre a sua gestão da pandemia da covid-19, que as estatísticas mostram ser a principal questão de interesse dos eleitores.

"A campanha de Trump está a mentir sobre isso agora porque Donald Trump tem medo de enfrentar mais perguntas sobre a sua resposta desastrosa à Covid", afirmou o porta-voz de Joe Biden, TJ Ducklo. "Como de costume, o presidente está mais preocupado com as regras de um debate do que em conseguir a ajuda de que uma nação em crise precisa".

Recorde-se que o segundo debate entre os dois candidatos foi, previamente, cancelado, depois de Trump ter recusado participar num confronto virtual, após ter sido diagnosticado com Covid-19. Tanto o Presidente como o Partido Republicano criticaram, na altura, a decisão da Comissão de Debates Presidenciais.

O próximo debate presidencial entre o candidato do Partido Republicano e o candidato do Partido Democrata, moderado pela jornalista Kristen Welker, da NBC News, está marcado para a próxima quinta-feira.

Na segunda-feira, começou o voto por antecipação na Florida. Numa afluência recorde, já votaram cerca de 30,2 milhões de eleitores, de acordo com o Projeto Eleições dos Estados Unidos da Universidade da Florida - número que representa mais de um quinto de todos os votos expressos nas eleições de 2016.

A votação antecipada vai aumentar esta semana, à medida que mais Estados abrirem centros de votação para os eleitores que desejam evitar a possível exposição ao novo coronavírus em locais de votação lotados no dia das eleições.
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