Últimos rebeldes em Douma entregam armas às forças russas no terreno

por RTP
Bassam Khabieh - Reuters

Os "últimos rebeldes" da cidade de Douma, último reduto dos arredores de Damasco, depuseram as armas e o líder do grupo Jaich al-Islam abandonou a zona dirigindo-se para o norte do país, indica uma organização não-governamental.

"Os combatentes do grupo Jaich al-Islam entregaram as armas à Polícia Militar russa hoje em Douma", refere o Observatório Sírio dos Direitos do Homem.

O líder do grupo, Issam Bouwaydani, saiu da zona e dirige-se para o norte da Síria.

A Rússia, país aliado do regime de Damasco, reforçou hoje a presença militar em Douma numa altura em que os Estados Unidos admitem responder de forma bélica contra os alegados bombardeamentos com armas químicas de Damasco no último fim de semana em Ghouta oriental.

O ministério da Defesa da Rússia anunciou hoje que o exército sírio tomou o controlo total de Douma, a maior cidade de Ghouta Oriental e última fortaleza dos rebeldes na periferia de Damasco.

Em comunicado, o ministério da Defesa destaca que "a partir de hoje vão estar na cidade unidades da polícia militar das Forças Armadas da Rússia".

Na nota é também referido que a polícia militar russa, é "garante da preservação da ordem pública na cidade" da Síria.

Guterres quer evitar "situação fora de controlo"
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou esta quinta-feira que está "preocupado com o impasse" e exortou os cincos membros permanentes do Conselho de Segurança a "evitarem uma situação fora de controlo" na Síria.


"Contactei os embaixadores dos cinco membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido) para reafirmar a minha grande preocupação com o impasse atual e sublinhei a necessidade de se evitar uma situação fora de controlo", referiu António Guterres em comunicado, numa altura em que cresce a ameaça da ação ocidental na Síria.
Theresa May convoca reunião de emergência
A primeira-ministra britânica, Theresa May, convocou os seus ministros para uma reunião de emergência na quinta-feira, para discutir a resposta do Reino Unido ao alegado uso de armas químicas na Síria, indicou o seu gabinete.

Um porta-voz de Theresa May indicou que a primeira-ministra decidiu convocar os seus ministros para "discutir a resposta aos eventos na Síria", onde alegadamente o regime do Presidente Bashar Al-Assad foi responsável por um ataque com armas químicas na cidade rebelde de Douma.

O presidente norte-americano, Donald Trump, avisou na quarta-feira que mísseis serão lançados, numa ação em que deve contar com o apoio do Reino Unido e da França.

"A Rússia prometeu destruir todos e quaisquer mísseis disparados contra a Síria. Prepara-te Rússia, porque eles vão começar a chegar, bons, novos e inteligentes!", escreveu Trump na rede social Twitter, depois de o embaixador russo no Líbano, Alexander Zasipkin, ter dito que quaisquer mísseis lançados por Washington contra a Síria serão abatidos pelas forças de Moscovo e que as plataformas de lançamento passarão a ser um alvo.

Horas depois, a Casa Branca vinha dizer que nada estava decidido quanto a um eventual ataque contra a Síria.

Mattis referiu que o Pentágono estava ainda a analisar informações sobre o ataque em Douma, o que parecia indicar alguma relutância militar em colocar "a caminho" os misseis norte-americanos, como ameaçara Donald Trump num tweet.

De acordo com Sarah Sanders, porta-voz da Casa Branca, o ataque mencionado pelo Presidente não é mais do que uma entre várias opções possíveis - e nem todas militares - para agir contra Damasco.

Sanders sublinha que Donald Trump continua a responsabilizar Damasco e Moscovo pelo ataque, até porque considera que a Rússia falhou na garantia de que a Síria iria livrar-se do seu arsenal químico.

A Síria nega qualquer utilização de armas químicas, assim como a Rússia, principal aliado do regime sírio, que afirmou que eventuais ataques ocidentais teriam "graves consequências".

Moscovo já advertiu contra qualquer ação na Síria que possa "desestabilizar a situação já frágil na região".

Organizações apoiadas pelos Estados Unidos denunciaram que pelo menos 42 pessoas, entre as quais várias crianças, morreram em Douma, o último bastião rebelde em Ghouta oriental, nos arredores de Damasco, com sintomas associados a um ataque com armas químicas.

c/Lusa

 

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