União Económica Eurasiática celebra dez anos penalizada por sanções à Rússia

por Lusa

A União Económica Eurasiática (UEE), bloco liderado pela Rússia, celebrou hoje o 10.º aniversário penalizada pelas sanções impostas ao Kremlin, escudado na ajuda de vizinhos e parceiros para contornar a pressão ocidental derivada da guerra na Ucrânia.

"Nos últimos dez anos, a nossa união afirmou-se como um dos centros independentes e autossuficientes do emergente mundo multipolar", afirmou o Presidente russo, Vladimir Putin, na abertura da cimeira.

À sessão assistiram os líderes dos cinco membros do bloco - Rússia, Cazaquistão, Bielorrússia, Quirguistão e Arménia - e dos líderes dos dois países observadores, Miguel Díaz-Canel, de Cuba, e Shavkat Mirziyoyev, do Uzbequistão.

Em maio de 2014, dois meses depois de a Rússia ter anexado a península ucraniana da Crimeia, nasceu a UEE como uma versão pós-soviética da União Europeia (UE), com mais de 180 milhões de consumidores.

Putin sublinhou que a UEE demonstrou ao longo da última década grande eficácia perante "novos desafios", e referiu-se em particular à "política de sanções" e de desmantelamento dos pilares do comércio internacional.

Desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, as relações comerciais na UEE viram-se gravemente afetadas pelas sanções, uma vez que o Ocidente pressionou os países membros do bloco para não permitirem à Rússia contornar essas restrições usando os respetivos territórios.

No primeiro encontro internacional em que participa desde que tomou posse após a reeleição, o dirigente do Kremlin (Presidência russa) elogiou o facto de o bloco ter alcançado a "segurança alimentar", ao garantir o abastecimento "ininterrupto" dos produtos agrícolas mais básicos, e destacou a positiva aplicação do acordo comercial com a China.

Putin salientou também que países como o Egito, a Indonésia e os Emirados Árabes Unidos e organismos como a Organização de Cooperação de Xangai e a ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) mostraram interesse em estabelecer relações de comércio livre com a UEE.

Na sua intervenção, o Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, começou por felicitar Putin pela sua tomada de posse e classificou como uma "grande honra" a sua primeira participação presencial na cimeira.

Recordou igualmente que hoje se completam 64 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre Cuba e a Rússia e sublinhou a grande importância que a ilha caribenha atribui à cooperação económica e comercial com a UEE.

O líder cubano afirmou ainda que, sendo a UEE um projeto "bem-sucedido" e "atrativo", o seu país, na qualidade de observador, propõe uma maior integração no bloco.

Por sua vez, o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinian, alertou para as dificuldades que a UEE enfrenta na criação de um mercado energético único, que inclua desde a eletricidade aos hidrocarbonetos.

"O atual processo não pode prolongar-se indefinidamente e deve ser concluído num prazo razoável", defendeu.

Putin destacou no seu discurso que, durante estes dez anos, o Produto Interno Bruto (PIB) dos países membros da UEE aumentou de 1,6 para 2,5 mil milhões de dólares (de 1,4 para 2,3 mil milhões de euros).

Além disso, o comércio no interior do bloco aumentou quase 50%, para 923 mil milhões de dólares (859 mil milhões de euros), e as trocas com países terceiros aumentaram 60%.

"A UEE é hoje uma estrutura de integração eficaz e dinâmica, cuja atividade contribui para o crescimento do comércio e dos investimentos, ativa os contactos empresariais e as relações de cooperação, o que, no final de contas, traz benefícios reais aos seus membros", salientou.

Desde 2014, a UEE assinou acordos com países como a China, o Vietname, a Sérvia e o Irão, e com vários blocos regionais, como o Mercosul, e memorandos bilaterais com o Chile, o Peru, o Equador, Marrocos e a Coreia do Sul.

A economia da UEE registou no ano passado um crescimento de 3,8%, um valor próximo do do aumento do PIB da Rússia (3,6%).

Esta cimeira do bloco realizou-se no Kremlin, embora tenha sido presidida pelo primeiro-ministro arménio, cujas relações com a Rússia estão tensas devido ao conflito com o Azerbaijão.

Por exemplo, Pashinian não participará quinta-feira na tradicional parada militar na Praça Vermelha para assinalar o Dia da Vitória soviética sobre a Alemanha nazi, o que os seus colegas farão.

Além disso, no mesmo dia da cimeira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros arménio anunciou hoje que irá suspender este ano o financiamento da aliança militar pós-soviética liderada pela Rússia, a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC).

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