Única posição da Guiné-Bissau sobre Guiné-Conacri é enquanto membro da CEDEAO - MNE

por Lusa

A Guiné-Bissau "não tem uma posição" sobre o golpe de Estado na Guiné-Conacri, por ser "uma questão interna", assumindo apenas a posição acordada pela CEDEAO, enquanto membro desta organização, disse à Lusa em Bruxelas a chefe de diplomacia.

Em declarações à Lusa à margem de uma visita oficial de quatro dias à Bélgica do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Suzi Barbosa, deu conta da celebração, hoje mesmo, de uma cimeira por videoconferência dos chefes de Estado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), remetendo uma posição para a declaração acordada, pois, enfatizou, Bissau não comenta assuntos internos de outro país.

"O `modus operandi` habitual da CEDEAO é condenar todo o tipo de golpe de Estado, golpe militar, que não é a forma de aceder ao poder", comentou, acrescentando que, "quanto aos detalhes", é necessário aguardar para "quando houver um posicionamento oficial da CEDEAO".

Questionada sobre a posição do seu próprio Governo, respondeu que "a Guiné-Bissau não tem uma posição porque realmente trata-se de uma questão interna da Guiné-Conacri".

"A posição que nós assumiremos é aquela que vai sair no comunicado final da CEDEAO, enquanto país membro", completou.

Sobre o estado de prevenção em que as Forças Armadas do país entraram esta semana, por tempo indeterminado, e o reforço do patrulhamento nas fronteiras com a vizinha Guiné-Conacri, a chefe de diplomacia desvalorizou a situação e uma eventual pressão de refugiados, apontando que "é um procedimento habitual", pois, "havendo um país vizinho que teve um golpe militar, é normal que se reforce a segurança nas fronteiras".

"Mas não há nada de anormal", assegurou. Também quanto à situação da comunidade da Guiné-Bissau na Guiné-Conacri, garantiu que "está segura".

"Estamos em contacto com a nossa embaixada na Guiné-Conacri e não temos nada de especial a reportar, a situação está calma", declarou.

A ministra acompanhou o chefe de Estado durante uma visita de quatro dias ao Reino da Bélgica e à UE, iniciada na passada segunda-feira, um dia após a vizinha Guiné-Conacri ter sido palco de um golpe de Estado que afastou o Presidente Alpha Condé.

As forças especiais guineenses lideradas pelo tenente-coronel Mamady Doumbouya anunciaram no domingo que tinham capturado o chefe de Estado, visando pôr fim à "má gestão financeira, à pobreza e à corrupção endémica" e "à instrumentalização da justiça (e) ao atropelo dos direitos dos cidadãos".

Os militares dissolveram o governo e as instituições e aboliram a constituição que o Condé tinha adotado em 2020, de modo a assegurar uma recandidatura um terceiro mandato, numas eleições que acabou por ganhar.

A situação na Guiné-Conacri levou a CEDEAO - organização que junta 15 países da África Ocidental, entre os quais Cabo Verde e Guiné-Bissau, a celebrar hoje uma cimeira virtual para discutir a situação.

Os líderes dos Estados-membros da CEDEAO suspenderam hoje a Guiné-Conacri dos seus órgãos de decisão e decidiram enviar uma missão ao país, apelando para a libertação do Presidente.

Condé, um antigo opositor do regime de partido único, tornou-se no primeiro presidente democraticamente eleito da Guiné em 2010, após décadas de regime autoritário.

Nos últimos anos, vários ativistas dos direitos humanos criticaram a sua deriva autoritária, o que minou os ganhos dos primeiros tempos.

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