Uso de carvão diminui na Europa e energias renováveis atingem níveis históricos

por RTP

A descarbonização está a atingir níveis históricos na Europa. Um relatório refere que a Europa está a recorrer cada vez menos ao carvão e mais depressa do que o esperado. E a produção de energia renovável está a atingir marcas recorde.

Como consequência, as emissões de CO2 caíram para uma taxa nunca até agora registada. No ano passado, caiu 12%, concluiu um estudo elaborado pelos especialistas em energia da Agora Energiewende e Sandbag.

"O colapso do carvão em 2019 superou todas as expectativas", afirmou Dave Jones, analista da Sandbag e um dos autores do estudo. Acrescentou ainda este responsável que "a queda nas emissões foi ainda maior do que durante a recessão de 2009 e a mais rápida desde pelo menos 1990".

A queima de carvão para gerar eletricidade na Europa foi reduzida em 24% em 2019, comparativamente ao ano anterior. Quanto às energias renováveis estabeleceram novamente um recorde histórico gerando 35% da eletricidade consumida na União Europeia.

Pela primeira vez, a eletricidade produzida pela energia eólica e solar excedeu a produzida pelas centrais a carvão.

Esta transição energética iniciou-se há mais de uma década na maioria dos países europeus. Em 2018, os níveis das centrais a carvão já tinham sido reduzidos em 30%, relativamente aos níveis de 2012.

Neste relatório, dois fatores essenciais são destacados para a queda do uso de carvão na Europa. O aumento no preço de uma tonelada de CO2 no mercado europeu de emissões e a implementação de energias renováveis.

A eletricidade que não foi produzida pelas centrais térmicas de carbono na União Europeia passou a ser gerada em quase 50 por cento por tecnologias solares e eólicas e por centrais de gás natural. As centrais que usam gás também usam combustível fóssil, mas emitem cerca de metade do CO2 para produzir a mesma eletricidade que o carvão.

A previsão destes dois grupos de analistas é que o declínio no uso de carvão continue. Além disso, a previsão é de que a Europa aumente a ambição energética para a próxima década.

A análise lembra que mais países podem anunciar datas específicas para o fim do uso de carvão. Atualmente, 15 países europeus estabeleceram datas para o fecho das centrais a carvão. A França, por exemplo, estabeleceu para 2022. A Alemanha, no entanto, planeia estender o uso desse combustível até 2038.
Consumo de carvão em Portugal cai para mínimo histórico
Desde o final da década de 1980 que Portugal não queimava tão pouco carvão como aconteceu em 2019. A central do Pego, em Abrantes, nunca esteve tantas horas parada como no ano passado. Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal, anunciou que este "é um ponto sem retorno. Em 2019 o consumo de carvão em Portugal caiu 54%. Em causa está fraca utilização das centrais termoelétricas de Sines e do Pego. Perante isto, o consumo passou de 4,5 milhões de toneladas em 2018 para os 2,09 milhões de toneladas".

No início de janeiro, a Redes Energéticas Nacionais avançou que em 2019 as centrais a carvão contribuíram para apenas 10% da produção de eletricidade em Portugal.

Mais tarde, dados publicados pela DGEG - Direção-Geral de Energia e Geologia indicaram que o volume de matéria-prima introduzida no mercado nacional, que se tratava tanto para a produção elétrica como para a indústria, asseguraram uma utilização historicamente baixa.
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