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"Vamos ver". Donald Trump não revela como vai agir quanto à Rússia face à Ucrânia

por Graça Andrade Ramos - RTP
Donald Trump à saída do Capitólio a 20 de maio de 2025 Ken Cedeno - Reuters

O presidente norte-americano afirmou esta terça-feira que estava a "analisar" que ações adotar quanto ao Kremlin, depois da União Europeia e o Reino Unido anunciarem a imposição de um novo pacote de sanções à Rússia devido à guerra na Ucrânia.

Após ter falado segunda-feira ao telefone com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, Trump excluiu fazer pressão suplementar sobre Moscovo para conseguir pelo menos o cumprimento de um acordo de tréguas de 30 dias, aceite em princípio pelo Kremlin no final de março.

Esta tarde, o presidente norte-americano defletiu novamente qualquer compromisso na sua agenda face à guerra na Ucrânia.

À saída do Capitólio, após uma reunião com representantes republicanos e questionado por repórteres se ia ou não seguir o exemplo europeu, Trump respondeu, sem acrescentar outros detalhes, que "estamos a analisar muitas coisas. Vamos ver".

Pouco antes, o seu secretário de Estado, Marco Rubio, garantira perante a Comissão dos Negócios Estrangeiros do Senado, que o presidente russo não obteve a qualquer "concessão" de Donald Trump. "Ele não conseguiu a mínima concessão", afirmou Marco Rubio, em resposta às críticas à política da atual Administração norte-americana quanto à Ucrânia.

O secretário de Estado dos EUA afirmou que Trump não quer impor novas sanções à Rússia porque "acredita que agora, se começar a ameaçar com sanções, os russos vão parar de falar, e seria útil se pudéssemos falar com eles e pressioná-los para virem à mesa das negociações".

"Se, de facto, for claro que os russos não estão interessados ​​num acordo de paz e querem simplesmente continuar a travar a guerra, pode muito bem chegar a isso", disse, referindo-se à aplicação de eventuais sanções.

Rubio refutou ainda qualquer noção de que Washington já não esteja a ajudar a Ucrânia, dizendo que os ucranianos estavam essencialmente a pedir "defesas aéreas, unidades Patriot, que, francamente, não temos, mas estamos a trabalhar em estreita colaboração com os nossos aliados da NATO" para as fornecer.

Durante a conversa de duas horas com Donald Trump, o presidente russo rejeitou mais uma vez o cessar-fogo exigido por Kiev e seus aliados, mas garantiu que estava pronto para trabalhar num "memorando" com a Ucrânia, um passo preliminar, segundo ele, para um "possível tratado de paz".

Putin afirmou que o Kremlin estava pronto para trabalhar com a Ucrânia num "possível cessar-fogo durante um certo período de tempo, desde que os acordos correspondentes sejam alcançados".

Nem Putin nem Trump discutiram um prazo para uma possível trégua, referiu depois o conselheiro presidencial do Kremlin, Yury Ushakov.

O presidente norte-americano considerou por seu lado, numa publicação nas redes sociais, que o telefonema "foi muito positivo".

"O tom e o espítiro da conversa foram excelentes", acrescentou, referindo que as negociações entre Moscovo e Kiev começarão "imediatamente" e assumindo ainda que não é fácil lidar com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que descreveu como um homem forte.

Zelensky reagiu com um apelo a sanções efetivas para empurrar a Rússia para uma "paz efetiva".

Nas últimas horas, a guerra prosseguiu sem vestígios de abrandamento, com ambas as partes a acusarem-se mutuamente de bombardeamentos através de drones. A Rússia lançou 108 drones Shahed e "vários tipos de drones chamariz", disse a Força Aérea da Ucrânia em seu canal do Telegram na terça-feira, acrescentando que as defesas aéreas destruíram 93 deles no leste, centro e norte do país.

À agência France Presse, diversos russos admitiram que as conclusões do telefonema entre Trump e Putin lhes dão confiança na vitória, ou pelo menos na resolução do conflito, apesar da falta de confiança em Trump.

Na semana passada, as primeiras negociações diretas entre russos e ucranianos desde 2022 também não produziram qualquer resultado concreto, para além da promessa de uma troca de prisioneiros.

Nas ruas de Moscovo, Marina, uma engenheira reformada de 70 anos, manifestou a sua convicção de que a Rússia "não precisa destas negociações" e de que "vencerá todos de qualquer maneira".

"Penso que Odessa, Kharkiv, Mykolaiv e Kiev nos deveriam pertencer", disse, citando estas cidades ucranianas.

"É muito triste que as pessoas também estejam a morrer no nosso país, mas não há outra solução. Se não resolvermos este problema agora, ele vai passar para os nossos netos", defendeu ainda.

Nikita, um estudante de química de 18 anos, disse ter "esperança de que tudo corra bem" e afirmou acreditar que "Trump é realmente necessário nestas negociações" porque tem "uma forte influência em Kiev" e no desenrolar do conflito.
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