Várias companhias aéreas interditam Boeing 737-8 MAX

por RTP
A aeronave caiu numa zona chamada Hejeri, perto da cidade de Bishoftu, a 42 quilómetros a sudeste da capital da Etiópia EPA

A queda de um Boeing 737-8 Max da Ethiopian Airlines no domingo, quatro meses depois de um acidente semelhante com um avião da Lion Air na Indonésia, levou vários países e companhias a suspenderem os voos com estas aeronaves. No entanto, a maior parte das transportadoras continua a explorar os Boeing 737 Max 8.

A autoridade de aviação civil chinesa solicitou às companhias da China que suspendessem os voos do Boeing 737-8 Max até à confirmação das autoridades norte-americanas e da Boeing "das medidas tomadas para garantir efetivamente a segurança dos voos".
O Reino Unido anunciou que os Boeing 737 Max estão impedidos de sobrevoar o seu espaço aéreo, por uma “questão de precaução”. É o primeiro país europeu a interditar os voos dos aparelhos.
Na China, um total de 76 Boeing 737 MAX foram entregues a uma dúzia de companhias aéreas chinesas, incluindo a Air China, a Hainan Airlines e a Shanghai Airlines, segundo um relatório publicado em janeiro no site do fabricante norte-americano.

Também a companhia brasileira GOL suspendeu temporariamente o uso dos seus sete aviões Boeing 737 – 8 MAX, utilizados em voos internacionais de longo curso.

"Os clientes com viagens previstas nessas aeronaves serão reacomodados em voos da empresa ou de outras companhias aéreas. A central de atendimento da GOL fará contacto proativo para a realização destes ajustes", afirma num comunicado.

A decisão foi partilhada no site da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) brasileira.

A GOL tem sete aeronaves do modelo 737-8 MAX que operam, maioritariamente, em rotas para os Estados Unidos, América do Sul e Caraíbas.

Também o regulador da aviação civil de Singapura decidiu proibir os aviões Boeing 737 MAX de sobrevoarem o território.

A autoridade de aviação civil de Singapura anunciou a "suspensão temporária das operações de todas as variantes do avião Boeing 737 MAX de e para Singapura, à luz de dois acidentes fatais envolvendo 737 MAX em menos de cinco meses", indicou, em comunicado.

A companhia aérea indiana Jet Airways também suspendeu os voos dos seus Boeing 737 MAX.

"A Jet Airways tem cinco Boeing 737 MAX na sua frota, mas nenhum desses aparelhos está atualmente em operação e a companhia aérea está em contacto com o fabricante e o órgão regulador", informou a empresa em comunicado.

A companhia aérea argentina Aerolineas Argentinas juntou-se a outras empresas e anunciou também a “suspensão temporária da exploração comercial” dos seus cinco Boeing 737 MAX 8.

A empresa Aerolineas Argentinas referiu que “antes de tudo a segurança”, sublinhando que é a sua prioridade.

A companhia aérea argentina, que na sua frota de 82 aparelhos tem cinco modelos Boeing 737 MAX 8, indicou que “está a acompanhar as investigações em curso. A companhia aérea indiana Jet Airways também suspendeu os voos dos seus Boeing 737 MAX 8, assim como a Cayman Airways e a sul-africana Comair. Também a Eastar, da Coreia do Sul, decidiu manter os aparelhos em terra.

Também a Indonésia, cuja companhia Lion Air perdeu um Boeing 737 MAX em 29 de outubro de 2018, com 189 pessoas a bordo, decidiu proibir que os aviões desse modelo voassem no país.

"O diretor geral de transporte aéreo tomará medidas para fazer inspeções e proibir temporariamente que o Boeing 737 MAX 8 voe na Indonésia", disse à AFP Polana Pramesti, chefe do serviço do Ministério dos Transportes da Indonésia.

Dez Boeing 737-8 Max são operados pela companhia aérea de baixo custo da Indonésia, a Lion Air, e outro pela companhia aérea nacional Garuda.

Na Etiópia, após o trágico acidente do voo ET302, no domingo, a Ethiopian Airlines decidiu imobilizar toda sua frota de Boeing 737 MAX "até novo aviso", anunciou a companhia nacional etíope.

A Boeing entregou quatro aviões à empresa etíope, que encomendou outras 29.
Grande parte continua a usar o aparelho
No sentido inverso, a FlyDubai, companhia aérea do Médio Oriente, informou que continuará a operar aeronaves Boeing 737 MAX 8 e posteriormente irá analisar a recente declaração dos reguladores dos EUA sobre a aeronave.

A companhia de baixo custo Norwegian, que explora 18 aviões, manteve os voos, assegurando que cumprem as instruções e recomendações do construtor e das autoridades de aviação civil.

Também a italiana Air Italy, que tem três aviões daquele modelo assegura que está "em total conformidade com as instruções dos reguladores relativamente aos procedimentos operacionais dos construtores" e que "seguirá todas as diretrizes" indicadas.

A companhia islandesa Icelandair continua igualmente a explorar os seus três aviões.

O diretor-geral de operações, Jen Thordarson, considera "prematuro" estabelecer uma ligação entre os acidentes com os Boeing da Ethiopian Airlines e da Lion Air. "Até hoje, não há razões para temer estas máquinas", afirmou o responsável ao jornal Frettabladid.

A companhia russa S7 Airlines, que dispõe de dois aviões, afirma seguir "atentamente a investigação em curso, mantendo-se em contacto constante com o fabricante".

Nos Estados Unidos, a Southwest (31 aviões), a American Airlines (24), e no Canada a Air Canada (24 aviões) e a Westjet (13) continuam a fazer voar os seus aviões Boeing 737 MAX 8.
EUA e Europa investigam
A Agência Europeia de Segurança Aérea (AESA) informou que está a investigar com o organismo dos Estados Unidos as causas do acidente do avião da Ethiopian Airlines.

A investigação está a ser feita pela agência da União Europeia em conjunto com a Administração da Aviação Federal (FAA, na sigla inglesa) dos Estados Unidos e com os fabricantes do Boeing 737-8 MAX.

A AESA emitiu um breve comunicado no qual assegura que está a monitorizar a investigação sobre as causas da queda do voo ET302 da Ethiopian Airlines e que publicará qualquer novidade no seu site.
EUA obrigam Boeing a fazer modificações
Os Estados Unidos vão obrigar a empresa Boeing a fazer modificações no software e sistema de controlo dos modelos de aviões 737 MAX 8 e 737 MAX 9, depois da queda do avião da Ethiopian Airlines no domingo.

A ordem dada ao fabricante de aviões norte-americano pela Agência Federal de Aviação Norte-Americana terá de ser cumprida “até abril, o mais tardar”.

A agência federal norte-americana decidiu não imobilizar a frota de 737 MAX 8.
Caixas negras encontradas
As equipas de resgate encontraram segunda-feira a caixa negra do avião que caiu no domingo poucos minutos depois de descolar de Adis Abeba, capital da Etiópia, com destino a Nairóbi, capital do Quénia.

A caixa negra que contém os dados técnicos do voo e a que regista as conversas no cockpit "foram encontradas", indicou a Ethiopian Airlines na sua conta na rede social Twitter.A bordo do voo ET 302 da Ethiopian Airlines seguiam 157 pessoas (149 passageiros e oito tripulantes) de 35 nacionalidades.

O avião caiu numa zona chamada Hejeri, perto da cidade de Bishoftu, a 42 quilómetros a sudeste da capital da Etiópia.

O acidente com o avião da Ethiopian Airlines, um Boeing 737-8 MAX, ocorreu às 8h44 (horas locais), cerca de seis minutos após a descolagem do aeroporto da capital da Etiópia, altura em que o aparelho desapareceu dos radares.

O avião realizava um voo regular entre Adis Abeba e Nairobi (Quénia).

As causas do acidente ainda não são conhecidas, mas este é o segundo acidente envolvendo um Boeing 737 MAX. O primeiro ocorreu ao largo da costa da Indonésia, em circunstâncias semelhantes, em 29 de outubro, e resultou também na morte de todos os ocupantes.
737 MAX 8 é última versão da Boeing
O Boeing 737 Max 8, que este domingo caiu na Etiópia, é a última versão da gama 737 da fabricante americana, o avião de passageiros mais vendido do mundo.

O 737 Max 8 garante uma redução no combustível e nas emissões de CO2 face a versões anteriores, tendo entrado ao serviço pela primeira vez em maio de 2017, num voo entre Kuala Lumpur e Singapura, de acordo com a agência Efe.O preço destas aeronaves ronda os 110 milhões de dólares (97,8 milhões de euros à cotação atual).

O avião tem uma capacidade máxima para 210 passageiros e um alcance de voo de 6.570 quilómetros e foi lançado para concorrer com o A320 da Airbus.

Este modelo substituiu o 737-800 com motores maiores, mais silenciosos e tecnologicamente mais avançados, sendo que a Boeing salienta que os seus custos de operação são os mais reduzidos para aquele tipo de aeronave, com uma diminuição de oito por cento dos custos por assento face aos concorrentes, devido à diminuição das necessidades de manutenção.

A carteira de encomendas do Max 8 ultrapassa as 5.100 unidades, sobretudo por parte das companhias aéreas low cost.

c/ Lusa
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