Vários feridos hospitalizados após atropelamento na Austrália

por Andreia Martins - RTP
Melanie Burton - Reuters

Uma viatura investiu esta quinta-feira contra várias pessoas no centro de Melbourne, na Austrália, causando pelo menos 19 feridos, dos quais quatro em estado grave. Foram detidos dois suspeitos. As autoridades acreditam que se tratou de um ato deliberado, mas afastam a hipótese de terrorismo.

Em declarações à imprensa, a polícia de Vitória esclarece que o incidente aconteceu perto das 16h40 (5h40 em Lisboa) entre as ruas de Flinders e Elizabeth, no centro de Melbourne.

"A polícia chegou ao local em minutos e deteve dois homens", esclarece o porta-voz Russell Barrett.

"Nesta fase, a polícia acredita que se tratou de um ato deliberado. No entanto, não conhecemos a motivação neste momento prematuro da investigação", acrescenta o porta-voz.

Já ao final da manhã, a polícia descartava a hipótese de terrorismo neste incidente. "Neste momento não temos qualquer evidência de ligação a terrorismo", declarou Shane Patton, responsável pela polícia de Victoria, que não considerou correta a designação de "lobo solitário" neste caso.

Segundo a mesma comissária, o alegado condutor era conhecido pelas autoridades. Tem 32 anos, é de origem afegã, e "tem histórico de uso de drogas e problemas de saúde mental".

O condutor foi detido por um polícia fora de serviço que foi um dos feridos do incidente. Um homem de 24 anos que se encontrava perto do local foi também detido. Este segundo homem foi visto a gravar o incidente e teria consigo armas brancas, segundo revelou Shane Patton.

"Ainda não conseguimos determinar se ele estava envolvido, e é muito provável que não esteja. Mas ainda estamos a estudar o caso", afirmou.

A polícia acrescentou ainda que não tem nenhuma "evidência ou sugestão" que ligue os dois detidos a radicalismo ou extremismo.
"As pessoas estavam a voar por todo o lado"
Até ao momento, há registo de 19 feridos, dos quais quatro em estado grave. Segundo referem os media locais, uma criança em idade pré-escolar com ferimentos na cabeça encontra-se em estado crítico.

As autoridades continuam a investigar o incidente e pedem aos transeuntes que evitem esta zona da cidade nas próximas horas. Algumas estradas no centro da cidade estão cortadas ou fortemente congestionadas.

A polícia apela ainda a todas as testemunhas ou pessoas que tenham gravado o incidente para que disponibilizem todo o material para efeitos de investigação.

A rua de Flinders, onde ocorreu este atentado, é uma das mais movimentadas de Melbourne, junto a uma importante estação de comboios e do comércio no centro da cidade.

Uma testemunha no local, o dono de um café naquela zona da cidade, refere que viu uma carrinha SUV a conduzir entre 60 a 90 quilómetros por hora.

"Conduziu contra a multidão. Ouvimos um barulho e quando olhámos as pessoas estavam a voar por todo o lado. Tinhamos muitos clientes na loja que ficaram traumatizados", refere em declarações registadas pela ABC Australia.

Testemunhas ouvidas pelo jornal The Guardian e pela rádio australiana 3AW referem que a viatura atingiu os transeuntes seis a sete segundos depois da mudança para o sinal verde, que concedia a passagem aos peões.


Polícia estava sob alerta
O primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, reagiu ao atentado através do Twitter.


"Enquanto as nossas polícias federais e estatais e as agências de segurança trabalham em conjunto para garantir a segurança no local e investigam este incidente chocante, os nossos pensamentos e orações estão com as vítimas, os serviços de emergência e as autoridades que os tratam", escreveu Turnbull na rede social.

Este incidente acontece praticamente um ano depois de um carro ter atropelado várias pessoas em janeiro, em Bourke Street, também em Melbourne, provocando seis vítimas mortais.

Na sequência desse acidente, que segundo a polícia não teve qualquer ligação a terrorismo, a cidade de Melbourne instalou blocos de cimento e pilaretes como barreiras de proteção temporárias em várias ruas de forma a prevenir ataques com veículos, semelhantes ao que têm acontecido em várias cidades europeias.

Ainda na semana passada, um responsável da polícia australiana pelo combate ao terrorismo tinha alertado para possíveis ataques durante a época festiva, sobretudo nas cidades de Melbourne e Sydney.

“Se olharmos para o número de perturbações (da ordem) nos últimos dois anos e quando ocorreram, vê-se que há uma escalada no final do ano”, alertava Ross Guenther ao jornal The Australian.
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