Vários palestinianos mortos durante protesto na Faixa de Gaza

por RTP
Atef Safadi - EPA

Cresce a tensão na Faixa de Gaza. Pelo menos doze palestinianos morreram esta sexta-feira no início do "Dia da Terra", manifestação que evoca a morte de seis árabes desarmados às mão das forças israelitas, em 1976. O protesto que se inicia esta sexta-feira deverá prolongar-se até 14 de maio, a data prevista para a inauguração da Embaixada norte-americana em Jerusalém.

De acordo com um porta-voz do Ministério da Saúde da Palestina, a primeira vítima foi um agricultor que foi morto perto de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. Outro homem que o acompanhava ficou ferido. Segundo o Hamas, grupo dominante na Faixa da Gaza, esta ação israelita teve como objetivo "intimidar" os palestinianos e desincentivar à participação na manifestação.

As outras vítimas mortais resultaram de confrontos diretos com as forças israelitas. A organização Crescente Vermelho indica que há registo de mais de 500 palestinianos feridos durante os confrontos.

Estes confrontos acontecem em pleno "Dia da Terra", um protesto na Faixa de Gaza que todos os anos marca a homenagem anual aos seis árabes israelitas mortos em 1976 durante manifestações contra a confiscação de terras por Israel.
Manifestação prolonga-se por seis semanas
A manifestação desta sexta-feira dá também início a seis semanas de contestação contra a inauguração da nova Embaixada dos Estados Unidos em Israel, que passará a ficar localizada em Jerusalém na sequência de uma decisão anunciada no ano passado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.

A nova Embaixada deverá ser inaugurada a 14 de maio, data em que se assinalam 80 anos desde a proclamação da independência de Israel. Na história palestiniana, o dia é conhecido como o início da al-Nakba ("catástrofe"). No dia seguinte, 15 de maio de 1948, é assinalado o aniversário da primeira guerra israelo-palestiniana, que decorreu até março do ano seguinte.

Neste protesto de várias semanas, os palestinianos pretendem acampar durante um mês e meio ao longo da fronteira de Gaza sob estreita vigilância dos soldados israelitas, preparados para responder pela força caso este movimento, designado "a grande marcha do regresso", ultrapasse os limites impostos.

As famílias palestinianas pretendem montar centenas de tendas na Faixa de Gaza, um território com quase dois milhões de pessoas totalmente bloqueado por Israel e pelo Egito, num apoio às centenas de milhares de refugiados expulsos das suas terras ou que fugiram da guerra e dos massacres durante o conflito que originou a fundação do Estado de Israel em 1948.

Os media palestinianos prevêem uma demonstração com mais de 7.000 pessoas ao longo da fronteira.

No Twitter, as forças de Defesa israelitas referem que estão a responder ao protesto com "meios de dispersão de motim" e com "disparos contra os principais instigadores".


"Milhares de palestinianos estão a protestar em seis locais na Faixa de Gaza, ao incendiar pneus e ao arremesar pedras contra a barreira de segurança e militares da IDF (Forças de Defesa de Israel)", referem as autoridades israelitas.

Na quinta-feira, o embaixador israelita nas Nações Unidas, Danny Danon, escreveu ao secretário-geral da organização, António Guterres, para advertir sobre o que considerou ser "um perigoso esforço dos líderes palestinianos para provocar o conflito ao orquestrarem uma série de confrontações de massa".

c/ Lusa
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