"Venezuela: Fome de justiça". Relatório deteta indícios de crimes contra a Humanidade

por Antena 1

Foto: Reuters

A Amnistia Internacional divulga esta terça-feira as conclusões do relatório "Venezuela: Hunger For Justice", que resulta de uma investigação realizada no início deste ano. A Amnistia Internacional detalha a gravidade dos acontecimentos.

Assim, o relatório esclarece algumas situações ocorridas entre 21 e 25 de janeiro de 2019: pelo menos 47 pessoas foram mortas em contexto de manifestações (todas apresentavam ferimentos provocados por armas de fogo); as mortes ocorreram em 12 dos 23 estados venezuelanos e na capital Caracas; entre as vítimas, pelo menos 33 foram abatidas pelas forças de segurança e seis por terceiros que agiam com o consentimento das forças de segurança; 11 foram alvo de execução extrajudicial previamente definida e em circunstâncias similares (Amnistia Internacional documenta em detalhe seis destes casos); mais de 900 pessoas foram detidas de forma arbitrária, incluindo crianças e adolescentes; cerca de 770 detenções aconteceram num só dia, 23 janeiro, quando foram registados protestos em massa por todo o país; nos cinco dias referidos, decorreram 1023 manifestações (de um total de 2573 durante o mês de janeiro).

A AI analisa ainda eventuais crimes contra a Humanidade assim como a existência de graves violações dos direitos humanos: execuções extrajudiciais, uso excessivo da força que resultou em mortes, detenções em massa, tortura e maus tratos com o objetivo de controlar, neutralizar e punir os participantes de protestos contra o governo, bem como para enviar uma mensagem de terror à população para desencorajar a organização de novas manifestações; devido às caraterísticas dos ataques de janeiro de 2019, semelhantes a outros que foram registados em 2014 e 2017, a Amnistia Internacional acredita que podem ter sido cometidos crimes contra a Humanidade na Venezuela.

Pedro Neto, diretor executivo da Amnistia em Portugal, fala da importância do documento, numa conversa com a jornalista Paula Véran, na tarde informativa da Antena 1 com edição de Luis Soares.
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