Venezuela: Manifestantes voltam a ser violentamente reprimidos pela polícia

por Rui Sá

Nas últimas 24 horas dois manifestantes e um polícia engrossaram a lista de mortos nas manifestações anti-governo na Venezuela. O líder da oposição a Nicolás Maduro denuncia o aumento da violência do regime durante o dia de hoje.
Há um milhão de portugueses a viver no país.O governo tem um plano para retirar todos os emigrantes em caso de guerra civil.

Num país onde atiradores furtivos abatem polícias, e a polícia abate manifestantes, contam-se no último mês nove mortos nos confrontos de rua.

Henrique Capriles, o líder da oposição, fala num endurecimento da repressão nas últimas horas e denuncia a existência de pelo menos 150 presos políticos. Seis dirigentes da oposição terão esta quinta-feira sido detidos pelas forças de segurança.

Na linha de fogo 30 milhões de venezuelanos. No seu meio há no entanto um milhão de portugueses.

Em caso de guerra civil, Portugal tem pronta uma força de reação imediata. Meios militares, civis e técnicos do INEM com um objetivo: Retirar do pais todos os portugueses que o desejem. O Brasil vai colaborar. Cuba pede contenção.

De visita a Lisboa o ministro dos negócios estrangeiros cubano, garante ter toda a confiança em que Nicolás Maduro tomará as decisões certas para proteger o país e o povo. Bruno Rodriguez Parrilla lembra Portugal, e a comunidade internacional, de que a Venezuela é um estado democrático e que qualquer ingerência na vida interna do país será vista como absolutamente ilegal e inaceitável.

Maduro retirou nos últimos meses poderes ao Parlamento, dominado por uma maioria da oposição, e tem armado milícias populares que atuam nas ruas com impunidade policial.

A oposição insiste na urgência da realização de eleições antecipadas que permitam o afastamento de maduro do poder.

Com milhares nas ruas também nas contra-manifestações o regime parece agora disposto a medir forças nas urnas. Nicolás Maduro apenas não deixa claro que eleições está disposto a realizar: As presidenciais, como exigem a oposição e os manifestantes nas ruas, se as regionais e municipais que já deveriam ter acontecido o ano passado.

A pressão internacional é cada vez maior. Nações Unidas, União Europeia e Estados Unidos condenaram a violência usada nas manifestações de quarta-feira, em que morreram dois civis e um militar, e pediram respeito pela constituição.

De resto o Secretário de Estado norte americano acusou diretamente Maduro de desrespeito pelo seu próprio povo.

O regime confiscou parte dos bens da General Motors no país. O gigante automóvel, que há praticamente quatro décadas domina o mercado local, e emprega ali mais de 2700 venezuelanos numa das suas maiores fábricas fora dos EUA, noticiou que esta quinta-feira abandona o país.

Para lá da violência de caráter político que nos últimos dias se tem vindo a intensificar , a Venezuela é já considerado um dos países mais violentos do mundo, com a capital, Caracas, no topo de diversas listas internacionais no que aos homicídios diz respeito.

Nos últimos 15 anos terão acontecido praticamente 200 mil homicídios no país. Mais mortos do que os gerados pela guerra no Iraque.

A Venezuela é um dos dez maiores produtores de petróleo do mundo. 50% da sua economia depende dele. A baixa de preços do crude nos últimos anos tornou o país praticamente insustentável.
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