Dias antes da queda da plataforma de Vigo, que causou 428 feridos, a presidente do Partido Popular de Vigo já tinha advertido para as más condições da estrutura. Agora, a Câmara e a Autoridade Portuária de Vigo discutem quem deve assumir responsabilidades.
A deterioração da plataforma não era novidade e já tinha sido apontada por vários moradores. Dias antes do festival, Elena Muñoz Fonteriz, presidente do Partido Popular de Vigo, havia feito referência à degradação do passadiço num tweet: “o Paseo de las Avenidas apresenta uma situação perigosa. Esperemos pelo bem de todos que não aconteça nada”.
Esta es semana de #OMarisquiño pero el lugar donde se celebra no está en condiciones. Maderas rotas, puntas al aire... el Paseo de las Avenidas presenta una situación peligrosa. Esperemos por el bien de todos que no pase nada durante ni después del evento. https://t.co/XtTAS7rNpi
— Elena Muñoz Fonteriz (@ElenaMunozF) 7 de agosto de 2018
A premonição cumpriu-se e a plataforma acabou por ruir. Apesar da degradação das placas de madeira do passadiço, Abel Caballero, presidente da Câmara de Vigo, afirma que o acidente foi uma “falha estrutural” – isto porque o que inicialmente desabou foram os pilares de cimento que sustentavam a estrutura e não as madeiras.
Agora, a Câmara e a Autoridade Portuária de Vigo culpam-se mutuamente sobre a responsabilidade do acidente. Abel Caballero insiste que a zona é “portuária náutica-desportiva”, pelo que recai na competência da Autoridade Portuária.
Aliás, dias antes do incidente, Caballero reconhecia os desgastes do passadiço. Declarou à rádio espanhola Cadena SER que a Autoridade Portuária deveria assumir a reparação do pavimento, mas que “como não o vai fazer, faço-lhes uma proposta”.
“Manutenção era competência da Câmara”
Esta proposta pressupunha que a Câmara e a Autoridade Portuária arranjassem o passadiço de forma conjunta. Após o desabamento, o autarca continua a insistir que o assunto é da competência da Autoridade.
Enrique López Veiga, presidente da Autoridade Portuária, relembra que num acordo dos anos 90 - “Abrir Vigo ao Mar” - não se clarifica quem é o responsável pelo passadiço.
Em declarações à Europa Press, Veiga afirma que se acordou que “a manutenção era da competência da Câmara”, enquanto que a Autoridade Portuária deveria “ceder o espaço e exigir um seguro de responsabilidade civil” à organização do evento.
Para Muñoz, a responsabilidade final também recai na Câmara, por terem sido os últimos a autorizar que o concerto decorresse naquele local. No entender da presidente do Partido Popular, que se baseia na lei autónoma de espetáculos públicos, os técnicos municipais deveriam ter averiguado se o passadiço reunia todas as condições de segurança.
“Pedimos os relatórios técnicos e o plano de contingência que atestaram que essa zona do passeio cumpria com os mínimos de segurança para autorizar um concerto”, declarou Muñoz ao jornal espanhol ABC.