Vigo. Passadiço já era considerado "perigoso"

por RTP
A deterioração da plataforma já tinha sido apontada por vários moradores EPA

Dias antes da queda da plataforma de Vigo, que causou 428 feridos, a presidente do Partido Popular de Vigo já tinha advertido para as más condições da estrutura. Agora, a Câmara e a Autoridade Portuária de Vigo discutem quem deve assumir responsabilidades.

Na madrugada de domingo, um passadiço marítimo ruiu em Vigo, durante um concerto do festival O Marisquiño. O incidente no Paseo de las Avenidas causou 428 feridos, entre os quais oito em estado grave, tal como apontou a Europa Press.

A deterioração da plataforma não era novidade e já tinha sido apontada por vários moradores. Dias antes do festival, Elena Muñoz Fonteriz, presidente do Partido Popular de Vigo, havia feito referência à degradação do passadiço num tweet: “o Paseo de las Avenidas apresenta uma situação perigosa. Esperemos pelo bem de todos que não aconteça nada”.



A premonição cumpriu-se e a plataforma acabou por ruir. Apesar da degradação das placas de madeira do passadiço, Abel Caballero, presidente da Câmara de Vigo, afirma que o acidente foi uma “falha estrutural” – isto porque o que inicialmente desabou foram os pilares de cimento que sustentavam a estrutura e não as madeiras.

Agora, a Câmara e a Autoridade Portuária de Vigo culpam-se mutuamente sobre a responsabilidade do acidente. Abel Caballero insiste que a zona é “portuária náutica-desportiva”, pelo que recai na competência da Autoridade Portuária.

Aliás, dias antes do incidente, Caballero reconhecia os desgastes do passadiço. Declarou à rádio espanhola Cadena SER que a Autoridade Portuária deveria assumir a reparação do pavimento, mas que “como não o vai fazer, faço-lhes uma proposta”.
“Manutenção era competência da Câmara”
Esta proposta pressupunha que a Câmara e a Autoridade Portuária arranjassem o passadiço de forma conjunta. Após o desabamento, o autarca continua a insistir que o assunto é da competência da Autoridade.

Enrique López Veiga, presidente da Autoridade Portuária, relembra que num acordo dos anos 90 - “Abrir Vigo ao Mar” - não se clarifica quem é o responsável pelo passadiço.

Em declarações à Europa Press, Veiga afirma que se acordou que “a manutenção era da competência da Câmara”, enquanto que a Autoridade Portuária deveria “ceder o espaço e exigir um seguro de responsabilidade civil” à organização do evento.

Para Muñoz, a responsabilidade final também recai na Câmara, por terem sido os últimos a autorizar que o concerto decorresse naquele local. No entender da presidente do Partido Popular, que se baseia na lei autónoma de espetáculos públicos, os técnicos municipais deveriam ter averiguado se o passadiço reunia todas as condições de segurança.

“Pedimos os relatórios técnicos e o plano de contingência que atestaram que essa zona do passeio cumpria com os mínimos de segurança para autorizar um concerto”, declarou Muñoz ao jornal espanhol ABC.
Tópicos
pub