Visão Global 2017: António Caeiro

por António Caeiro - Jornalista e escritor
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Personalidade do ano: Xi Jinping
Antes mesmo do XIX Congresso do Partido Comunista da China, que em outubro iria projetar o presidente chinês para um patamar de poder nunca visto depois da morte de Mao Zedong, a revista britânica considerou Xi Jinping “o homem mais poderoso do mundo”. A própria imprensa oficial chinesa já o trata por “timoneiro incomparável”, num culto de personalidade sem precedentes desde que a China adotou a política de “Reforma Económica e Abertura ao Exterior”, há quase 40 anos.

Este “homem muito especial”, como lhe chamou Donald Trump, é mais do que o líder da segunda maior economia do planeta. A China desta “nova era”, uma expressão muito usada por Xi Jinping, é, sobretudo, a grande potência em ascensão na Ásia Oriental, com uma economia que continua a crescer acima dos 6,5% ao ano, forças armadas cada vez mais sofisticadas e um sistema político que parece governar sem contestação. Já lhe chamaram a “ditadura perfeita”. Cúmulo da ironia, o último grande país dirigido por um partido oficialmente fiel ao marxismo assume-se como o campeão da globalização e da luta contra o protecionismo. Detentora das maiores reservas cambiais do mundo (mais de 3 biliões de dólares), a China já é também o país que mais investe fora das suas fronteiras, nomeadamente na Europa.
Acontecimento do ano: A bomba H norte-coreana
O presidente Trump já ameaçou “destruir totalmente” a Coreia do Norte, mas Kim Jong-un não desarma. Para o governo de Pyongyang, “o programa nuclear é tão precioso como a própria vida”.

Desafiando a ONU, os Estados Unidos e mesmo a vizinha China, em setembro a Coreia do Norte detonou a sua primeira bomba de hidrogénio e lançou o protótipo de um míssil intercontinental.

Alem de estimular a corrida aos armamentos na Ásia Pacífico, a persistente tensão na península coreana é suscetível de voltar a provocar um confronto entre os Estados Unidos e a China.

Tecnicamente, alias, a Guerra da Coreia ainda não acabou e o armistício assinado em 1953 ainda não foi substituído por um tratado de paz.
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