Mundo
Guerra na Ucrânia
Zelensky na ONU. "Vivemos a mais destrutiva corrida às armas da História"
"No fim de contas, a paz precisa de todos nós", vincou na quarta-feira o presidente da Ucrânia, ao discursar perante a Assembleia das Nações Unidas. Centrando o discurso na ameaça geral representada por Moscovo, Volodymyr Zelensky defendeu também que fica "mais barato derrotar a Rússia" agora e alertou que a atual corrida às armas é "a mais destrutiva" de sempre.
Zelensky começou por falar de paz, frisando que "o direito internacional não funciona plenamente a não ser que se tenham amigos poderosos que estejam verdadeiramente dispostos a defendê-lo. E mesmo isso não funciona sem armas". "Não há garantias de segurança, exceto amigos e armas", considerou o presidente da Ucrânia, depois de referir que "se uma nação quer a paz ainda precisa de trabalhar com armas". "As armas decidem quem sobrevive", disse.
Os episódios de violência e os ataques aumentam diariamente e "as armas estão a evoluir mais rapidamente do que a capacidade de nos defendermos", apontou.
"Dezenas de milhares" de pessoas sabem atualmente usar drones para matar, uma consequência, diz, da guerra russa. "O que irá suceder se os drones se tornarem amplamente disponíveis", questionou, mencionando as recentes incursões em espaços aéreos nacionais por parte da Rússia.
"Estamos a viver a corrida ao armamento mais destrutiva da história da humanidade", fruto da inteligência artificial, acrescentou Zelensky, apelando a "regras globais" para o uso militar da IA.
"Deter Putin é por enquanto mais barato"
A Ucrânia tem sido o palco mundial de teste para o uso ofensivo de drones, facto que Zelensky reconheceu, referindo que a Rússia "não nos deixou outra escolha" para "proteger o nosso direito à vida".
A intensidade dos bombardeamentos russos não abrandou e inclui mesmo instalações nucleares ucranianas, lembrou o presidente ucraniano, afirmando ainda que "esta loucura continua" porque as instituições internacionais são "muito fracas".
E a intenção de Vladimir Putin é alastrar o conflito, acusou também, lembrando as recentes violações do espaço aéreo de países do leste europeu. "Fazer parte de uma aliança militar de longa data [a NATO] não significa automaticamente que se esteja em segurança", referiu ainda.
"A Rússia está a tentar fazer com a Moldávia o que o Irão fez um dia com o Líbano, e a resposta global, novamente, é insuficiente", acusou, dizendo que os líderes europeus têm de fazer mais em concreto para ajudar, em vez de palavras e gestos políticos.
Caso contrário, "o custo final será muito mais elevado".
"Já
perdemos a Geórgia na Europa", referiu, "e a Bielorrússia também se tem
vindo a tornar dependente da Rússia. A Europa não se pode dar ao luxo de
perder também a Moldávia", afirmou.
Cabe aos líderes do mundo zelar pela paz e deter Putin, defendeu ainda. "Não se calem enquanto a Rússia continua a arrastar esta guerra, por favor, manifestem-se e condenem-na", apelou.
Mas, apesar de "valorizar o apoio de Washington", "no final de contas, a paz depende de todos nós", lembrou.