Vórtice polar. Frio extremo nos Estados Unidos faz doze mortos

por Cristina Sambado - RTP
Kamil Krzaczynski - EPA

As baixas temperaturas provocadas pelo vento ártico que atinge os Estados Unidos já provocaram doze mortos, desde sábado, em diferentes Estados do país. Em Chicago, a cidade mais atingida, milhares de voos foram cancelados, as escolas estão encerradas, os correios interromperam as entregas e as linhas férreas estão a ser literalmente incendiadas para que os comboios possam circular.

Em Detroit, o corpo de um homem de 80 anos foi encontrado com sinais de hipotermia. Outra vítima mortal foi um estudante da Universidade de Iowa que foi encontrado nas traseiras de um auditório. Em Chicago, um homem foi atingido por um limpa-neves. As autoridades revelaram ainda que em Milwaukee uma pessoa morreu congelada numa garagem.Os Estados do Illinois, Wisconsin, Minnesota, Michigan, Dakota do Norte e do Sul, Washington, Indiana e Atlanta são os mais afetados.

Os hospitais falam de uma enchente de pessoas com queimaduras de frio e sintomas de hipotermia.

Na região do Midwest, as aulas estão suspensas em várias cidades, incluindo Chicago, que integra o terceiro maior sistema escolar do país. As universidades também estão encerradas, assim como as atrações turísticas e alguns serviços públicos.

A polícia tem alertado para o perigo de acidentes rodoviários devido às estradas geladas.

O Serviço Postal deixou temporariamente o seu lema - “nem a neve, nem a chuva, nem a escuridão da noite trava o nosso trabalho” - e interrompeu as entregas em várias regiões.

Em Chicago, os termómetros chegaram, na quarta-feira, aos 23 graus negativos. Ligeiramente acima das temperaturas registadas em janeiro de 1985.Esta vaga de frio que está a assolar os Estados Unidos da América está a ser transportada pelo vórtice polar, uma corrente de ar que normalmente gira na estratosfera sobre o Polo Norte. Mas que se está a movimentar para sul.

As autoridades recomendam à população para que evite, dentro do possível, andar no exterior, sobretudo ao anoitecer e durante a madrugada. Para apoiar os sem-abrigo, muitas cidades disponibilizaram abrigos em edifícios governamentais, igrejas, escolas e instituições de caridade.

Até quarta-feira, pelo menos 2700 voos foram cancelados nos dois principais aeroportos de Chicago. Outros 1800 que foram programados para quinta-feira acabaram também por ser cancelados.

As viagens de comboio só são possíveis graças ao aquecimento das linhas ferroviárias. Além disso, a Metra (a operadora) usa um sistema de aquecimento tubular e sopradores de ar quente.


“Sempre que há temperaturas negativas usamos esse sistema”, afirmou o porta-voz da Metra.

O Serviço de Meteorologia dos EUA prevê que as temperaturas continuem muito baixas e que em algumas áreas isoladas os termómetros possam chegar aos 40 graus negativos.

Não há previsão de subida das temperaturas nas próximas 24 horas – as temperaturas acima de zero só vão chegar no fim de semana, altura em que Chicago chega aos quatro graus.

Perante esta vaga de frio sem precedentes, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recorreu à rede social Twitter para reagir, com uma declaração em que confunde o conceito de aquecimento global, cujas consequências se podem manifestar em intempéries extremas.


“No belo Midwest as temperaturas estão a atingir 60 graus negativos, o maior frio alguma vez registado. Nos próximos dias espera-se que fiquei ainda mais frio. As pessoas não podem sair nem por uns minutos. Que diabo está a acontecer com o aquecimento global? Por favor volta depressa, precisamos de ti!”, escreveu terça-feira o Presidente norte-americano.
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