Washington acusa Pequim de manobras "provocatórias" contra aeronaves dos EUA

por Joana Raposo Santos - RTP
Segundo o Pentágono, as táticas chinesas já ameaçaram aeronaves que voavam sobre as regiões do Mar da China Oriental e Meridional. Jana Rodenbusch - Reuters

Os Estados Unidos acusaram esta quarta-feira a China de levar a cabo uma campanha de manobras aéreas "perigosas" e "provocatórias" contra aviões militares norte-americanos. O Pentágono já avisou que as ações chinesas podem originar um conflito entre as duas partes.

“São quase 200 os casos em que pilotos chineses descarregaram objetos, dispararam sinalizadores ou se aproximaram demasiado rápido ou demasiado perto de aeronaves dos Estados Unidos”, alertou Ely Ratner, secretário adjunto da Defesa responsável pela pasta da Segurança do Indo-Pacífico.

Segundo o Pentágono, as “agressivas” táticas chinesas já ameaçaram aeronaves norte-americanas que voavam sobre as regiões do Mar da China Oriental e do Mar da China Meridional, registando-se mais de 180 incidentes do género desde o outono de 2021.

Esse número sobe para quase 300 quando se incluem na contagem os aliados dos Estados Unidos, avisou Ratner. “Este tipo de comportamento operacional pode provocar acidentes, e acidentes perigosos podem levar a um conflito não intencional”, explicou.Em conferência de imprensa, Ratner disse ainda que as movimentações aconteceram “mais vezes nos últimos dois anos do que na década anterior”.

Este responsável do Pentágono acredita que Pequim está a desempenhar uma campanha intencional “para levar a cabo estes comportamentos arriscados de modo a forçar uma mudança na atividade operacional legal dos Estados Unidos”.

Segundo Ratner, num destes episódios um caça chinês aproximou-se de uma aeronave dos EUA “a uma velocidade de centenas de milhas por hora, claramente armado” e ficando a pouco mais de nove metros de distância, permanecendo assim por mais de 15 minutos.
“Não demorará muito até que alguém se magoe”
A Casa Branca já tinha avisado anteriormente que a “agressividade militar” da China por via marítima e aérea estava a aumentar o risco de colisões e que poderia até resultar em mortes. “Não demorará muito até que alguém se magoe”, vincou em junho o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby.

As tensões entre EUA e China têm aumentado nos últimos anos, impulsionadas especialmente por temas como o comércio, Direitos Humanos, a independência de Taiwan e o Mar da China Meridional.

O aviso desta quarta-feira chega depois de também o Canadá ter acusado os caças chineses de terem intercetado de modo “irresponsável” uma aeronave canadiana de patrulha marítima. Os aviões de Pequim terão acompanhado durante várias horas a aeronave Aurora, que se encontrava em missão para impor as sanções da ONU contra a Coreia do Norte.

Segundo Otava, um dos caças chineses esteve a cerca de cinco metros do avião canadiano. O ministro da Defesa do Canadá, Bill Blair, condenou a ação “pouco profissional” de Pequim que, por sua vez, acusou o avião de ter “entrado ilegalmente no espaço aéreo” da ilha de Chiwei, reclamada pela China.

“A aeronave militar canadiana viajou milhares de milhas para causar problemas e provocações às portas da China”, condenou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, garantindo que “o lado chinês lidou com o assunto de acordo com as leis e regulamentos”.

À semelhança dos Estados Unidos, também o Canadá tem visto as suas relações com a China mais tensas, neste caso desde que Otava acusou Pequim de interferir nas eleições canadianas e de intimidar deputados, o que levou à expulsão de um diplomata chinês em maio deste ano.

c/ agências
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