Washington e Seul iniciam manobras militares entre ações de charme com Pyongyang

por RTP
Manifestantes em Seul protestam contra os exercícios militares conjuntos com os Estados Unidos junto à embaixada norte-americana no país Jeon Heon-Kyun - EPA

A Coreia do Sul e os Estados Unidos iniciaram este domingo um conjunto de manobras militares que este ano foram adiadas devido à realização dos Jogos Olímpicos de Inverno, em PyeongChang. Os exercícios militares, geralmente vistos por Pyongyang como um ato de provocação, acontecem no mês que antecede uma cimeira inédita entre Donald Trump e Kim Jong-un, prevista para maio.

Os Estados Unidos e a Coreia do Sul iniciaram este domingo as manobras militares conjuntas Foal Eagle, que tinham sido adiadas devido à realização dos Jogos Olímpicos de Inverno no início do ano. 

A realização dos jogos naquele país ficou marcada pela reaproximação a Pyongyang, em que as duas coreias desfilaram sob a mesma bandeira. Desde então, o regime norte-coreano aceitou a realização de cimeiras históricas com Seul, mas também com Washington.  

Não obstante o declinar da tensão naquela região, os Estados Unidos e a Coreia do Sul não deixaram de realizar o exercício militar, desta vez com a presença de mais de 11.500 soldados norte-americanos e quase 300.00 militares sul-coreanos.

Habitualmente, os exercícios militares dos dois países aliados começam no final de fevereiro ou no início de março e duram dois meses. Este ano, no entanto, a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno adiou o início das manobras. A duração também foi reduzida para quatro semanas.  

No passado dia 20 de março, os governos norte-americano e sul coreano comunicaram apenas que o exercício teria uma escala “semelhante à de anos anteriores” e que a Coreia do Norte foi notificada do calendário bem como da “natureza defensiva” destas manobras militares.  

Este ano, os porta-aviões e submarinos norte-americanos não vão participar no exercício conjunto. Em anos anteriores, a presença destes elementos enfureceu o líder norte-coreano e elevou a tensão naquela região do globo.  

Vários responsáveis sul-coreanos afirmaram recentemente que Kim Jong-un, líder norte-coreano, que habitualmente vê nestes atos provocações ou mesmo uma invasão por parte dos principais inimigos, teria até aceitado e mesmo “compreendido” a realização destas manobras. No entanto, não houve para já qualquer reação oficial. 
Duas cimeiras decisivas
O início deste exercício militar acontece num momento de aproximação raro entre as duas coreias, de costas voltadas há várias décadas desde o fim da Guerra da Coreia, em 1953. Hoje mesmo, a Coreia do Sul tenta encurtar distâncias com um gesto no âmbito cultural, ao enviar mais de 150 artistas de K-Pop - género musical muito popular na região – para Pyongyang. Os dois concertos inéditos acontecem este domingo e na próxima terça-feira.  

Esta é uma atitude de retribuição com algumas das principais estrelas da música sul-coreana, depois de a Coreia do Norte ter enviado atletas do país aos Jogos Olímpicos de Inverno, no início do ano.  

Para o próximo mês de maio está prevista a realização de uma cimeira totalmente inédita entre o Presidente norte-americano e o líder norte-coreano. Antes, os dois líderes das duas Coreias vão também reunir-se a 27 de abril, um encontro raro que vai decorrer na cidade fronteiriça de Panmunjom. Desde o final da guerra coreana, só por duas vezes os principais líderes dos dois países estiveram reunidos, em 2000 e em 2007.

Em cima da mesa nas duas cimeiras estará a discussão sobre a desnuclearização da península coreana e a aproximação diplomática entre os países envolvidos. Na semana passada, Kim Jong-un realizou uma visita surpresa à China, na primeira viagem ao estrangeiro do líder supremo da Coreia do Norte desde que assumiu o poder, em 2011.  

Envolvida num clima de secretismo, a visita ao aliado histórico terá tido como propósito a discussão e preparação com Xi Jinping destas duas duas cimeiras históricas que se aproximam.

c/ Lusa
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