Xi Jinping afirma que China tem perspetivas "brilhantes" mas enfrenta "sérios" desafios

por Lusa

O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou hoje que as perspetivas da China são "brilhantes", mas reconheceu que a economia do país enfrenta "sérios desafios", no discurso de abertura do XIX Congresso do Partido Comunista (PCC).

"O grande rejuvenescimento da nação chinesa não é um passeio no parque ou um mero rufar de tambores e ressoar de gongos. Todo o partido deve estar preparado para fazer esforços cada vez mais difíceis e duros", disse Xi.

"Para realizar grandes sonhos, é preciso travar grandes batalhas", acrescentou.

O secretário-geral do PCC apontou a disparidade de rendimentos, desemprego, educação e saúde como áreas em que os problemas não têm sido devidamente abordados e sublinhou que o partido deve assumir riscos e superar "fortes resistências".

Xi é considerado o mais forte líder chinês das últimas décadas e deve garantir um segundo mandato de cinco anos.

Analistas apontam que, para consolidar o seu poder, Xi afastou rivais políticos promovidos por outros grupos dentro do partido.

Observadores da política chinesa estarão atentos às nomeações para o Comité Central do Politburo (atualmente formado por 24 membros) e o Comité Permanente (sete), esperando-se que sejam os membros próximos do Presidente a preencher os cargos.

O Comité Permanente do Politburo do PCC é a cúpula do poder na China e inclui Xi e o primeiro-ministro, Li Keqiang.

Li deve também obter um novo mandato, enquanto os restantes cinco membros devem retirar-se.

A dúvida reside na continuidade de Wang Qishan, diretor do órgão máximo anticorrupção da China, que puniu mais de um milhão de membros do PCC nos últimos anos, parte de uma campanha lançada por Xi Jinping.

Os 2.287 delegados presentes no Congresso são oriundos das 31 províncias chinesas, Governo, exército, firmas estatais e organizações populares, que representam a maioria dos 89 milhões de membros do partido.

Num processo secreto, os delegados vão escolher os cerca de 200 membros permanentes do Comité Central e 150 rotativos, de entre 400 candidatos.

O Comité elege depois os membros do Politburo e do Comité Permanente do Politburo. A formação será apenas conhecida no final do Congresso.

A ascensão de membros leais a Xi permitirá a este avançar com a sua visão política e económica ao longo dos próximos cinco anos.

Outra questão é saber se se vislumbrará um sucessor para Xi, com alguns analistas a prever que ele permanecerá como secretário-geral do PCC para além do segundo mandato, quebrando com a prática de rotatividade, vigente desde Deng Xiaoping.

Num discurso proferido perante centenas de delegados do PCC, a maioria homens de fato escuro que aplaudiram sincronizadamente, Xi Jinping saudou ainda a nova assertividade da política externa chinesa.

Desde que Xi ascendeu ao poder, a China lançou um novo banco internacional e a nova Rota da Seda, um gigante plano de infraestruturas que pretende reativar a antiga via comercial entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático.

Pequim passou também a reclamar abertamente a soberania de quase todo o Mar do Sul da China, construindo ilhas artificiais capazes de receber instalações militares em recifes disputados pelos países vizinhos, apesar de o tribunal internacional de Haia ter considerado as reivindicações marítimas chinesas ilegítimas.

Xi enalteceu ainda o reforço da segurança doméstica, afirmando que a estabilidade social foi mantida e a segurança nacional fortalecida.

O líder chinês prometeu que o partido terá "tolerância zero" para com a corrupção e disse que a organização "continuará a purificar-se, melhorar e reformar-se".

Xi exortou os membros do partido a resistir à "busca do prazer, inação, ócio e fuga aos problemas" e afirmou que o partido deve "opor-se firmemente a todos os esforços para dividir a China".

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