Xi Jinping declara êxito na erradicação da pobreza na China

por Inês Moreira Santos - RTP
Wu Hong - EPA

O presidente da China declarou oficialmente, esta quinta-feira, que o país concluiu a "árdua tarefa" de erradicar a pobreza extrema, apontando que 98,99 milhões de pessoas saíram daquela condição nos últimos oito anos. Xi Jinping classificou esta conquista como um "milagre" e reiterou que este é um objetivo de Pequim para alcançar a qualquer custo antes do centenário do Partido Comunista Chinês (PCC), que será celebrado em julho.

Numa cerimónia no Grande Palácio do Povo, em Pequim, perante milhares de membros do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping declarou que o país está a ter sucesso na erradicação da pobreza, após duros trabalhos do Partido e dos povos de todas as etnias.

"Hoje, declaramos solenemente o sucesso completo na luta contra a pobreza no país", afirmou o presidente chinês.

O Governo chinês afirma que, desde o início das reformas económicas no fim dos anos 1970, conseguiu retirar cerca de 800 milhões de habitantes da miséria - quase 100 milhões de pessoas foram tiradas da pobreza, nos últimos oito anos.

Para Xi Jinping, esta é uma "vitória conquistada" que "entrará para a história", uma vez que os "problemas regionais da pobreza foram resolvidos", tendo a China encerrado a sua "árdua tarefa de erradicar a pobreza extrema, gerando outro milagre incrível".

O governante também indicou que 832 vilas e 128 mil cidades foram retiradas da lista de locais empobrecidos, segundo os "padrões atuais".

"De acordo com os critérios atuais, todos os 98,99 milhões da população rural pobre foram retirados da pobreza e 832 condados atingidos pela pobreza, assim como 128.000 aldeias, foram removidos da lista de pobreza", destacou o presidente.

Contudo, alguns especialistas, avança a BBC, questionaram a maneira como o nível de pobreza foi medido para considerar que esta foi erradicada. Na China, o limite de pobreza extrema é definido por salários anuais inferiores a 4.000 yuans por ano, o que representa 620 dólares norte-americanos (isto é, cerca de 2,30 dólares por dia e por pessoa, um nível um pouco superior ao considerado pelo Banco Mundial, 1,90 dólares).

De facto, os especialistas indicam que a China estabeleceu um padrão baixo na sua definição de pobreza e continua a ser necessário investimento nas áreas mais pobres.
"Milagre" económico
Erradicar a pobreza rural, no entanto, tem sido uma das prioridades de Xi Jinping desde que assumiu o poder em 2012. Na altura, a China estabeleceu como meta erradicar a pobreza extrema até 2020, dez anos antes da data estabelecida pelas Nações Unidas para os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio.

Atualmente, a China é a segunda maior potência económica do mundo e assegura que erradicou oficialmente a pobreza absoluta no ano passado.

A China anunciou no final do ano passado que tinha removido os últimos condados de uma lista de regiões pobres, o que, segundo as autoridades, significava que tinha alcançado a meta de eliminar a pobreza extrema até ao final de 2020.

"Nenhum outro país pode retirar centenas de milhões de pessoas da pobreza em tão pouco tempo", celebrou o presidente chinês esta quinta-feira.

O nível de vida mudou consideravelmente na China desde os anos 1970, quando a população vivia em um sistema coletivista. Hoje o país é considerado um dos maiores mercados com centenas de milhões de consumidores cobiçados pelas multinacionais estrangeiras.

Residentes rurais idosos receberam doações em dinheiro e o Governo lançou esquemas para fomentar a criação de emprego para quem dependia da agricultura de subsistência, incluindo através da formação de cooperativas agrícolas ou da abertura de fábricas. O investimento em infraestruturas e habitação permitiu também tirar do isolamento comunidades inteiras.

Segundo Xi Jinping, a erradicação da pobreza extrema foi possível com uma "abordagem realista e pragmática" e graças às "vantagens políticas do sistema socialista, que pode reunir os recursos necessários para concretizar grandes tarefas".

A China investiu o equivalente a cerca de 202.000 milhões de euros, nos últimos oito anos, no combate à pobreza, disse Xi. E cerca de três milhões de funcionários do PCC foram enviados para as áreas rurais para trabalharem na campanha de erradicação da pobreza extrema.

Embora, segundo os padrões do Governo chinês, tenha sido erradicada a pobreza extrema do país, continuam a existir grandes desigualdades na China.
Tópicos
pub