Zelensky exige resposta dura à Rússia com mais sanções depois de ataque a Kiev

O presidente ucraniano veio pedir um endurecimento das medidas contra a Rússia depois de um ataque com mísseis balísticos durante a noite que terá provocado a morte a pelo menos 17 pessoas, entre elas quatro crianças. “A Rússia escolhe os ataques em vez da mesa de negociações. Escolhe continuar a matar em vez de acabar com a guerra. E isso significa que a Rússia ainda não teme as consequências”, afirma Zelensky.

Ana Sofia Rodrigues - RTP /
Thomas Peter - Reuters

Pelo menos três bairros de Kiev foram alvos de um "ataque massivo", segundo o presidente da câmara, Vitali Klitschko. Moscovo usou 629 drones e mísseis. O ataque atingiu a delegação da União Europeia em Kiev.

Foi emitido um alerta aéreo para todo o território ucraniano por volta da 01h00 (02:00 em Portugal continental).
Foi o primeiro grande ataque combinado russo a Kiev em semanas, numa altura em que os Estados Unidos lideram os esforços de paz.
Zelensky garantiu, na altura, nas redes sociais que pelo menos 8 pessoas morreram nos ataques, mas teme que possa haver ainda pessoas presas sob os escombros. Foram feitas atualização do número de vítimas mortais, fazendo aumentar para 17 o número de mortos, entre elas quatro crianças e 48 feridos. 

As equipas de emergência continuam a procurar sobreviventes. Pelo menos 10 pessoas foram dadas como desaparecidas, de acordo com os serviços de emergências da Ucrânia.

“Estes mísseis e drones de ataque russos são hoje uma resposta clara a todos no mundo que, há semanas e meses, vêm pedindo um cessar-fogo e por uma diplomacia genuína. A Rússia opta pela balística em vez da mesa de negociações”, refere.

“A Rússia ainda se aproveita do fato de que pelo menos parte do mundo fazer vista grossa ao assassínio de crianças e procura desculpas para Putin”, acrescenta.

Diz esperar uma resposta da China, da Húngria e “uma resposta de todos no mundo que pediram paz e que agora, com mais frequência, permanecem em silêncio em vez de assumirem posições baseadas em princípios”.

“Definitivamente, é hora de novas e duras sanções contra a Rússia por tudo o que ela está a fazer. Todos os prazos já foram quebrados, dezenas de oportunidades de diplomacia já foram arruinadas. A Rússia deve se sentir responsável por cada ataque, por cada dia desta guerra”, conclui.


Para além dos ataques na capital, a companhia ferroviária ucraniana relatou um "forte ataque" russo, que causou cortes de energia na região de Vinnytsia (centro), provocando atrasos nos comboios.

Os ataques na Ucrânia e na Rússia têm continuado nos últimos dias, apesar da intensa atividade diplomática para tentar pôr fim ao conflito desencadeado em fevereiro de 2022 pela invasão russa.

O exército russo, que ocupa cerca de 20% da Ucrânia, no leste e no sul, acelerou o avanço no terreno nos últimos meses, beneficiando do enfraquecimento da resistência ucraniana, com menos efetivos e menos bem equipada.
Primeiro grande ataque desde cimeira Trump-Putin
Este é o primeiro grande ataque combinado de drones e mísseis russos a atingir Kiev desde que os Presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, Donald Trump e Vladimir Putin, respetivamente, estiveram reunidos, no início do mês, no Alasca, para discutir o fim da guerra na Ucrânia.

Embora a iniciativa diplomática para terminar a guerra tenha ganhado força logo após a reunião, surgiram poucos detalhes sobre os próximos passos.

Esta semana, Trump irritou-se com o atraso de Putin sobre uma proposta norte-americana de negociações de paz diretas com Zelensky e na sexta-feira disse que espera decidir os próximos passos dentro de duas semanas, caso não sejam agendadas negociações diretas.


c/Lusa
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